Antes de começar uma conversa com Anne Marie Werninghaus Tavares, há de se atentar à harmonia dos seus traços. Os olhos azuis, os fios loiros, as maçãs rosadas, nariz afinado, sorriso que mostra dentes branquinhos… O belo não está exatamente nos itens de um estereótipo nórdico, mas como eles bem se entrosaram na aparência desta jovem de 25 anos.
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Passada a primeira impressão, vamos à Anne muito mais do que bela. Uma menina rica e doce, que foi alfabetizada em francês, morou na Bélgica e na Alemanha ainda criança. Poderia estar em Jaraguá do Sul desfrutando de uma vida de luxo e sossego como herdeira da gigante Weg, uma das maiores fabricantes de equipamentos elétricos do mundo.
Mas desempenhar uma função na Weg não era o tipo de trabalho que a estimulava. Também estava longe de querer levar uma vida fútil. Estudou para ser uma agente de crédito na Juriti, empresa de microcrédito fundada pelo pai, Diether Werninghaus, a quem tem um apego profundo.
– Eu tenho muito orgulho do que o meu avô construiu (Geraldo Werninghaus, um dos três fundadores da empresa). O trabalho do meu pai é muito bonito, na medida que ajuda o microempresário, que realmente precisa. Mas eu não sou de números. Não era para mim. Queria ser alguém, ter o meu negócio – comenta.
Anne ficou um tempo no vácuo. Poderia investir em qualquer profissão, mas qual? Mudou-se para Florianópolis para estudar Comércio Exterior. Não concluiu. Numa balada, quando tinha 18 anos, conheceu o jogador de vôlei João Paulo, hoje na Cimed e na Seleção Brasileira. Engravidou de Joaquim aos 19. Ela e João casaram-se sob um pacto: jamais separar a família. Se o vôlei levasse João a outra cidade ou país, Anne acompanharia. Assim, morou no Japão, onde fez três das seis tatuagens que tem. Veio Theo, três anos, e Anne virou mãe de família.
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Engordou, entrou em depressão por ficar muito tempo sozinha, já que o marido passa a semana viajando com o time. Mas ela sabe elencar o lado bom da distância: a saudade e o friozinho na barriga sentido quando vai buscar o marido no aeroporto.
Mas qual? A perguntinha do parágrafo anterior ficou na cabeça de Anne até o ano passado. Diether recebeu um projeto de um portal atacadista de moda que buscava financiamento da Juriti. Sintonizado que é com a filha, sugeriu: “Será que não tem a ver contigo?” Anne se apaixonou. Agora dedica a manhã aos filhos e a tarde ao novo projeto. O VestesBR foi lançado em fevereiro. Já soma 70 mil acessos e 32 indústrias têxteis cadastradas. É inédito no Brasil por funcionar como uma plataforma de negócio entre fabricante e lojista. Sua diretora de moda e garota-propaganda é uma moça de olhos azuis, fios loiros, maçãs rosadas…