Desde muito jovem, Rodrigo Stüpp, jornalista e guia de turismo, percebe que as histórias de Floripa merecem ser valorizadas.
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— Quando eu era pequeno, em Floripa, riam do meu sotaque. Onde já se viu isso? É uma situação ruim em qualquer lugar, mas na tua própria terra é um sinal de que algo tá errado. Cresci ouvindo que o bom vinha de fora, mas hoje tenho orgulho do que é daqui e isso vai além do sotaque. Tenho orgulho da nossa história e de personagens como Cruz e Sousa, Virgílio Várzea, Antonieta de Barros, Valda Costa, Eli Heil, Franklin Cascaes, Aldírio Simões, Zininho e, claro, Guga Kuerten. Quando a gente olha para o legado deles, percebe e logo pensa: ‘Opa, peraí, tem gente boa demais representando minha cidade – comenta.
Ao longo desses 347 anos, Florianópolis cresceu, se desenvolveu e a imagem do manezinho foi se adaptando às mudanças da sociedade. A tecnologia, inovações, obras de grande porte, como elevados e imponentes edifícios, vão se misturando à paisagem e ao estilo de vida da cidade, entre ciclistas, surfistas e CEO’s. Uma cidade em movimento, mas que ainda preserva a cultura ilhéu.
O manezinho típico ainda se revela no pescador e na rendeira, que come tudo com ‘pirão de náilo’ e fala ligêro. Um sujeito simples no modo de viver e que, apesar de não precisar mais saber escalar tainha, a maioria ainda sabe. Mas, para o criador do Guia Manezinho, o povo daqui é muito mais do que isso.
— Somos um conjunto de atitudes e saberes. A gente e os outros é que atribuem valor aos manezinhos. Como um bom mané, eu defendo a minha terra e a minha gente, e digo: se a farinha é pouca, o meu pirão primeiro – brinca Rodrigo.
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Comida típica e natureza exuberante
E, por falar em comida, a gastronomia é riqueza dessa terra. Além do tradicional pirão, uma espécie de molho feito com farinha de mandioca misturada em água, os preparos de ostras e berbigões são típicos da região e levam o nome da capital catarinense Brasil afora.
Mais que os frutos do mar, a influência da cultura açoriana, de Portugueses que colonizaram o litoral catarinense, também reflete em pratos de cozidos e caldos que são valorizados por aqui.
Aproveitar a culinária na região ainda tem um bônus: o visual. São diversos os restaurantes com vista para a natureza exuberante da ilha, nas mais de 40 praias da cidade, dos trapiches e “pé na areia” ao alto dos morros e dunas que cercam a cidade.
Florianópolis ainda exibe a conquista de ser uma das melhores capitais para se viver, por conta da qualidade de vida, somada a uma série de qualidades que poderiam ser elencadas.
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— Estive em 35 países, me apaixonei por muitas cidades e posso falar que há poucas do porte de Floripa com tanta riqueza e diversidade cultural, histórica e natural. E isso os navegadores do mundo todo já sabiam, desde o século 17, e registraram em cartas lindas de ler. Virgílio Varzea, escritor, poeta e viajante manezinho escreveu isso também em “Santa Catarina – a Ilha”, em 1900. É quase um realismo mágico (criado pelo Garcia Marquez) manezinho – compara Rodrigo Stüpp.
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Orgulho de pertencer
Seja da Carmela Dutra ou nascido na Carlos Correia (duas maternidades, públicas, tradicionais da Ilha), o orgulho de ser manézinho é sentimento nativo.
— Gosto muito do meu lugar e faço as pessoas entenderem que não vamos aceitar que nos digam que somos menos. Nem que neste momento a gente tenha que dizer que somos mais. Claro que aqui também temos nossos problemas, o imbróglio da construção da Ponte Hercílio Luz é um deles, mas, é isso. Ter orgulho, separar as coisas e olhar pra frente! – incentiva Rodrigo.
O incentivo também é para os manézinhos de coração. Florianópolis é refúgio de paulistas, cariocas, gaúchos, paranaenses e tantos outros migrantes que escolhem a cidade para criar raízes. Afinal, diante de tantos adjetivos da capital catarinense, deixar a Ilha não parece ser opção.
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— O mais importante para mim é que as pessoas que se interessam por essa cidade sintam-se próximas dela e que, além do que leem nos livros, saiam para as ruas e vejam a cidade. Acima de tudo, que façamos reflexões sobre Florianópolis e, com isso, fazer com que cada vez mais pessoas, daqui ou de fora, que escolheram esse lugar para morar, sejam ativas na construção dos próximos capítulos da nossa história – finaliza Stüpp.