Para falar de Anita Garibaldi é preciso fazer uma viagem no tempo, voltar ao século XIX. Conhecida por lutar na Revolução Farroupilha e atuar no processo de unificação italiana, a jovem fugiu aos 18 anos com Giuseppe Garibaldi movida pelo amor e por ideais republicanos. Anita foi uma mulher a frente do seu tempo, corajosa, enfrentou batalhas, prisão e uma vida sem conforto. Entrou para a história como guerrilheira ao lado do seu amor e se tornou heroína no Brasil e na Itália, inspirando mulheres em todo o mundo. Ela é a primeira personagem da série Pequenos Grandes Talentos, que estreia na NSC TV às 14h deste sábado (13).
Continua depois da publicidade
Descendente de portugueses, seu primeiro nome foi Ana Maria de Jesus Ribeiro, Aninha, como era carinhosamente chamada. O pai, Bento Ribeiro da Silva, era tropeiro e natural do Paraná. A mãe, Maria Antônia de Jesus Antunes, era de Laguna e casou-se com Bento em Lages. O casal teve 10 filhos, sendo Ana a terceira na ordem de batismo.
A data e o local de nascimento de Ana é um assunto polêmico entre pesquisadores. Isso porque o registro dela nunca foi encontrado. Apenas em 1998 é que entidades e historiadores conseguiram na Justiça a autorização para que Anita tivesse seu nascimento registrado no cartório de Laguna — atual localidade de Morrinhos em Tubarão — onde teria nascido em 30 de agosto de 1821.
O pai de Ana faleceu quando ela ainda era pequena. A menina teve que ajudar a mãe no sustento da família, que era muito pobre. Conta-se que o temperamento forte e o espírito livre de Aninha fizeram com que ela fosse o centro das fofocas na vila. A mãe decidiu, então, arranjar um casamento para a filha, uma forma de ajudar financeiramente e moralmente a família.
Mesmo opondo-se à ideia, a menina casou-se com o sapateiro Manoel Duarte de Aguiar, natural da Ilha de Santa Catarina e com quase o dobro da idade de Ana. O casório ocorreu na Igreja Matriz da Freguesia de Santo Antônio dos Anjos da Laguna, no dia em que a garota completava 14 anos.
Continua depois da publicidade
O casamento, no entanto, não deu certo. Aninha era totalmente contrária ao relacionamento forçado. Já Manoel era introvertido e dedicava-se apenas à sapataria e à pescaria. Quatro anos depois, Manoel, que era monarquista e, com a ameaça da invasão dos Farrapos, se alistou ao exército imperial, abandonando Aninha.
Revolucionária para o seu tempo
Ainda criança, Aninha ouvia histórias de seu pai, que viajava muito e instigava a imaginação da menina. Após seu falecimento, ela foi influenciada pelo tio Antônio da Silva Ribeiro, que assim como o pai, era tropeiro, e contava muitos causos. Antônio era ativista político, defensor do regime republicano, das igualdades sociais e da revolução como forma de derrubar a monarquia, representada, na época, pela Regência do Padre Antônio Feijó, após Dom Pedro I abdicar o trono em abril de 1831.
Em 1839, a vida de Aninha tomou o rumo que iria projetá-la na história do país e do mundo. Em julho daquele ano, as tropas imperiais de Laguna foram atacadas pelos farroupilhas, liderados pelo revolucionário italiano Giuseppe Garibaldi, então com 32 anos.
Segundo relatos históricos, Garibaldi conheceu Aninha semanas depois de ter conquistado Laguna junto com os republicanos, após olhar, por uma luneta, algumas casas da região. Dizem que Garibaldi apareceu na residência de Aninha e teria dito, numa mistura de italiano com português e espanhol, que ela teria de ser dele. Dados históricos garantem que o encontro dos dois foi amor à primeira vista. Desde então, ela passou a ser chamada de Anita pelo seu amante, e assim ficou conhecida.
Continua depois da publicidade
Um mês depois, Anita decidiu abandonar sua família e seguir com as tropas de Garibaldi. Além do amor pelo guerrilheiro, ela compartilhava dos mesmos ideais que seu amante, o que fez com que lutasse ao lado dele até a morte.
Durante as batalhas, em vez de se esconder no porão do navio para se proteger, Anita pegava em armas e canhões para defender sua tropa. Assim fez com sua própria vida, com Garibaldi e seus filhos. Tornou-se uma guerrilheira republicana.
A história de Anita após conhecer Garibaldi
Saiba mais
Livros:
– Anita Garibaldi, uma Heroína Brasileira (1999), de Paulo Markun
– Anita Garibaldi, o nascimento de uma heroína, de José Custódio Rosa Filho
– De Sonhos e Utopias… Anita e Giuseppe Garibaldi (1999), de Yvone Capuano
– A Epopéia de Anita e Giuseppe Garibaldi (2002), de Yvone Capuano
– A Mulher na Guerra dos Farrapos, de Elma Sant’Ana
– A Cavalo, Anita Garibaldi!, de Elma Sant’Ana
– Anita Garibaldi: Perfil de uma Heroína Brasileira (1975), de Wolfganfg Ludwig Rau
Documentários e filmes:
– Anita, heroína dos dois mundos
– Anita Garibaldi, Amores e Guerras
– Anita e Garibaldi, filme onde Ana Paula Arósio interpreta Anita
Série:
– A Casa das Sete Mulheres (2003), Giovanna Antonelli vive Anita e Thiago Lacerda, Garibaldi.
Museu:
– Museu Histórico Anita Garibaldi: Praça República Juliana, Centro Histórico de Laguna. Funciona de terça a domingo das 9h às 17h. Ingresso custa R$ 6. Moradores de Laguna não pagam. Telefone (48) 3646-3628.
Continua depois da publicidade
Pequenos Grandes Talentos
A série Pequenos Grandes Talentos retrata a vida de crianças que se tornaram grandes pensadores, artistas, cientistas e religiosos. Em sua grande maioria, essas crianças foram impulsionadas pelo olhar de um adulto próximo que enxergou um potencial para vencer adversidades, dificuldades sociais e até mesmo preconceitos de diferentes épocas. O primeiro episódio será exibido no sábado (13) e contará a história de Anita Garibaldi. Até setembro serão apresentados 12 episódios especiais, com 28 minutos de produção cada, sempre aos sábados, às 14h.
Confira o cronograma de exibição:
13/07 – Anita Garibaldi
20/07 – Pablo Rossi
27/07 – Paulo Evaristo Arns
03/08 – Cruz e Sousa
10/08 – Rogério Sganzerla
17/08 – Everaldo Teixeira-Pato
24/08 – Antonieta de Barros
31/08 – Willy Zumblick
07/09 – Zilda Arns
14/09 – Lindolf Bell
21/09 – Santa Paulina
28/09 – Highligts