Se você teve um dia ruim, está de mau humor ou chove, não importa. Eles continuam animados, companheiros e atenciosos. Por isso, os animais de estimação se revelam bons amigos para compartilhar a rotina.

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Essa parceria ocorre no Lar de Idosos e Centro Dia – Viva Mais, no bairro Aventureiro, em Joinville. As vira-latas Mimosa e Mel são as mais novas moradoras do local. Adotadas das ruas do bairro Itinga pelo Abrigo Animal, elas foram acolhidas há três meses para viver também a velhice de um jeito mais confortável. Estima-se que as cachorras já tenham mais de oito anos.

Com a chegada da dupla, a rotina mudou. A maioria dos 11 idosos ajuda nos cuidados, mas, principalmente, aproveita a boa companhia.

– É como estar em casa. É uma alegria. Bichinho é tudo, é muito companheirismo. Sempre tive na minha casa – diz Elzira May, 83 anos.

A auxiliar de enfermagem e administradora do lar, Ana Claudia Albuquerque, explica que a ideia é justamente criar um ambiente aconchegante. Ela pesquisou sobre pet terapia para entender os benefícios do convívio com os animais e decidiu visitar o canil do Abrigo Animal.

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– Tudo é válido para melhorar a qualidade de vida, porque o dia a dia é muito maçante para um idoso que não está em casa. Os benefícios são principalmente emocionais e psicológicos. Auxilia o paciente a ficar mais positivo. E eles se sentem na responsabilidade de cuidar, escovar e dar comidinha, por querem fazer algo por alguém – comenta.

Para Venceslau Cândido Medeiros, 84 anos, as vira-latas são muito bem-vindas. Medeiros gostaria de ter o seu cachorro por perto, mas o animal mora com a filha dele por ter problemas no coração, a mesma enfermidade que o idoso enfrenta.

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Um amigo para crescer junto

Na casa de Patricia Vieira, 32 anos, “Guga” é o nome mais chamado depois de “mamãe”. Alice, de um ano e cinco meses, está aprendendo a falar na companhia do melhor amigo: um yorkshire de quatro meses.

Os dois bebês da casa estão crescendo juntos. Um acorda o outro, assistem televisão, ajudam a se alimentar e nas brincadeiras. A troca, segundo a mãe, é estimulante para a filha, que está na fase de desenvolvimento motor.

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– Busquei um filhote mais dócil e encontrei um york de dois meses, mas tive de esperar, porque ela podia apertar demais e puxar. Agora, com um ano, ganhou no Dia das Crianças. Dá bastante trabalho, mas, toda vez que vejo os dois juntos, tenho a sensação de que fiz a coisa certa. Ele acorda e vai fazer bagunça com ela na cama. Eles dividem tudo e eu acho muito bacana essa relação, isso é legal para o ser humano – argumenta a mãe.

Patricia tem uma relação próxima com os animais, herdada dos pais, que sempre tiveram bischos em casa. Por isso, ela desejou que a filha também tivesse essa proximidade. Nos primeiros dias, um era tão novinho quanto o outro, então levou um tempo para se entenderem.

Hoje, a mãe conta que Alice repete seus diálogos com o cachorro, impondo limites sobre morder, se defender e brincar. Já Guga, amigo muito paciente, parece que percebe que a garotinha, de tão neném ainda, muitas vezes não sabe como reagir às brincadeiras.

Patricia afirma que, durante a gravidez, buscou informações sobre a relação entre crianças e animais. Alice teve apenas uma vez problema relacionado à imunidade, mas, desde então, o convívio com o cachorro não provocou doenças.

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Os benefícios relacionados à saúde mental e física, como prevenção de patologias e melhora no sistema imunológico, são objetos de estudo do departamento de psicologia experimental da Universidade de São Paulo (USP), entre outras instituições, nas áreas de comportamento animal e humano.

Os pesquisadores destacam, principalmente, melhora na imunidade de crianças e adultos, redução de estresse e de incidência de doenças comuns, como o resfriado.

Companheiros de exercícios

Todos os dias, ao amanhecer, o aposentado Euclides Ferreira, 66 anos, levanta e busca os tênis e o boné. No mesmo instante, a labradora Branca e a boxer Bela vão direto onde estão as coleiras, na expectativa de começar a caminhada do dia.

Assim é a rotina desses moradores do bairro Atiradores há pelo menos quatro anos, que encontraram na prática uma boa maneira de aliar o companheirismo e a atividade física. A caminhada de uma hora é suficiente para cuidar da saúde da labradora, que tem problema de articulação.

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Depois disso, a única necessidade é o carinho quando chega em casa. Já Ferreira volta a caminhar à tarde, mais 12 km, para vencer a pressão alta. A atividade física tem sido frequente, principalmente após um acidente de moto e um acidente vascular cerebral (AVC), conhecido como derrame.

– Ter as cachorras é um convívio, um bem que dá prazer pra gente. Eles são muito amigos, sempre ficam contentes quando chegamos em casa. Eu tenho elas há nove anos e estou aposentado, então é uma terapia acordar de manhã para passear – conta.