Ango Kersten, no trator da história

Quem visita o Museu do Colono, no sítio de Ango Kersten, depara-se com uma série de ferramentas utilizadas pelos colonizadores de Joinville. Mas o que causa espanto em muita gente não está exatamente na “mostra” oficial do museu rural.

– Tem gente da cidade que nunca viu uma galinha na vida e fica admirada quando se depara com as galinhas aqui do sítio – conta o proprietário.

Seu Ango, 48 anos, é um dos moradores da Estrada Bonita que soube capitalizar toda a beleza que deu nome à localidade. Além do museu, ele oferece passeios de trator e produtos coloniais. Só a casa já é uma atração. Ela foi construída pelo bisavô, em 1887.

– Sou a quarta geração dos Kersten. Minha família sempre morou aqui – informa, com orgulho.

Foram turistas alemães que abriram os olhos de Ango para a importância histórica da residência.

– Eles ficaram admirados como os brasileiros desprezam a própria história. Resolvi, então, limpar o sótão e sair à caça desses objetos antigos, que estavam se perdendo pela região – explica.

Segundo Ango, o museu ajuda muitos avôs a recuperarem o moral com os netinhos.

– A gurizada sempre fala: ?Para de mentir, vô?! Então, eles podem vir até aqui e mostrar para as crianças que as coisas sobre as quais eles falam realmente existiram – conta.

Nem tudo na propriedade de Ango é só para exibição. Os visitantes podem se lambuzar com a receita do melado da família. Outra atração é o passeio de trator.

– Antes, as pessoas passeavam a pé pela propriedade. Mas daí algumas crianças se perdiam no meio do mato, outras entravam onde não deviam. Então, achei melhor colocar todos em cima do trator, que não tem erro – brinca.

Quem sempre acompanha os passeios é o vira-lata Pingo, que vai na frente do trator, como se fosse um batedor. O cão apareceu na propriedade e Ango decidiu ficar alguns dias com ele até achar um dono. Esses “poucos dias” já duram mais de cinco anos.

Seguindo à risca a liturgia do campo, Ango acorda todos os dias às 5 da manhã para começar a trabalhar no sítio. Da cidade, nada faz falta.

– Não gosto de shopping nem de nada de lá. Tenho tudo o que preciso aqui na Estrada Bonita – conclui. Ango Kersten transformou propriedade rural, na Estrada Bonita, em área de lazer para joinvilenses e turistas.