Uma mistura de femme fatale com menina roqueira inconsequente. Assim surgiu no mundo do showbiz uma guriazinha bochechuda, cara de má e de inocente ao mesmo tempo, que chamou a atenção de muita gente pelo rosto inacreditavelmente perfeito, ornado pela boca carnuda e pelos olhos verdes. Na tenra juventude, Angelina Jolie foi esculpindo uma personalidade complexa, cheia de paradoxos, afeita aos pequenos escândalos, sem papas na língua ou pudores. Casou-se duas vezes, tatuou o corpo, beijou o irmão na boca, foi fotografada em poses sadomasoquistas e consumindo drogas, brigou com o pai, livrou-se dos maridos. Era uma bad girl, enfim.

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Até que algo de surpreendente ocorreu. Quando se esperava por mais uma ousadia despudorada da atriz, ela mudou de rumo. Adota uma criança cambojana e torna-se mãe. O resto da fábula é conhecida. Ao casar-se com Brad Pitt, considerado um dos atores mais bonitos e bem sucedidos de Hollywood, gera três filhos biológicos e adota mais dois.

Torna-se embaixadora de causas humanitárias, faz doações substanciais para programas de ajuda aos países em conflito e viaja para algumas das zonas mais perigosas do mundo em nome das Nações Unidas e de sua própria fundação para o apoio às crianças. A essa altura, as bochechas já não são carnudas como na adolescência e as outrora extravagantes tatuagens foram reduzidas, mas o cachê e as bilheterias só aumentam.

E eis que a mulher que já agora em nada lembra a garota-problema dos anos 1990 pega todos no contrapé. Símbolo sexual absoluto e eleita a mulher mais sexy do mundo, Angelina anuncia no New York Times que extirpou os dois seios para minimizar o risco de desenvolver câncer de mama. A bela mulher de corpo esguio escolheu, conscientemente, mutilar as mamas para preservar a saúde, já que um exame genético revelara que as chances de adoecer eram de 87%. Uma virada e tanto, especialmente para a beldade com pinta de rebelde que uma vez declarou:

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– Somos jovens, estamos bêbados, estamos na cama, temos facas? pode ocorrer um acidente.

Nascida em Los Angeles em 1975, Angelina Jolie é filha dos atores John Voight e Marcheline Bertrand, que se separaram pouco depois de seu nascimento. A relação conturbada com o pai é conhecida, tanto que ele soube da dupla mastectomia da filha pelo jornal.

Da mãe, por quem foi criada, Angelina herdou os olhos, a boca e o formato do rosto. Também herdou a propensão à doença que ela tenta evitar. Marcheline morreu em 2007, vítima de câncer nos ovários – alguns sites anunciam que Angelina programa cirurgia para retirada dos ovários para breve, já que o exame genético detectou 50% de chance de desenvolver a doença.

As besteirinhas da juventude ganharam proporções generosas com Angelina Jolie. Em 1996, se casou com o ator britânico Jonny Lee Miller vestindo uma calça preta de couro e uma camiseta branca com o nome do cônjuge escrito com sangue.

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Em 2000, pouco depois de receber o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante pelo filme Garota…Interrompida, apareceu com uma tatuagem no braço com o nome do então namorado, o ator americano Billy Bob Thornton. O casal oficializou a união vestindo calça jeans e camiseta, na capela West Wedding, em Los Angeles. A bizarrice da vez era um pingente usado por Angelina em que, diziam as más línguas, havia o sangue de Billy Bob. O casal se divorciou em 2002.

É neste ponto que a trajetória de Angelina muda de rumo. Durante as filmagens de Lara Croft: Tomb Raider, Angelina conhece o Camboja, país devastado por conflitos. Lá, adota o primeiro filho, Maddox, a abre os olhos para o problema das crianças que sofrem os piores flagelos em zonas de extrema violência e pobreza.

Em 2005, durante as filmagens de Sr. e Sra. Smith, ficou provado que a química dos protagonistas do filme extrapolava a tela. Na época, havia rumores de que Angelina teria recusado a corte de Brad Pitt, afirmando que não sairia com um homem casado. Fofoca ou não, Pitt largou a ex Jeniffer Aniston e jogou-se nos braços de Angelina, para formar uma das famílias mais numerosas e comentadas do showbiz.

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Logo no início do relacionamento, o casal Jolie-Pitt (ou Brangelina, como era chamado pelos tabloides), anuncia a primeira gravidez. Shiloh, a menina loirinha angelical chega quase junto com Zahara, adotada na Etiópia. Logo em seguida o casal adota Pax, um menino vietnamita. E completa a família com os gêmeos Knox e Vivienne Marcheline. Enquanto treina em série a maternidade, Angelina entra na briga pelas causas humanitárias como embaixadora do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.

Mudar o jeito de ser ao longo dos anos e transformar-se em alguém diferente não é privilégio das celebridades. Que atire a primeira pedra quem, na juventude, não usou cabelo arrepiado e roupas com tachas, ou então não planejou viver de amor e orgânicos em uma comunidade hippie.

Com a maturidade vem, também, a fixação de uma personalidade menos errática, com mais solidez e realismo. No entanto, quando o personagem em questão é a rebelde, tresloucada, humanitária, mãe de família e irremediavelmente linda Angelina Jolie, é preciso admitir que a coisa ganha proporções, no mínimo, mais intensas.

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Angelina em três tempos

Aos 14 anos, como modelo. A carreira na moda não durou muito tempo, pois desde criança Angelina já se interessava pelo cinema. A estreia nas telas aconteceu em 1982, com uma ponta no filme Lookin to Get Out, ao lado do pai, Jon Voigt. O primeiro papel de destaque, no entanto, só veio em 1995, no filme Hackers, quando a estrela tinha 19 anos. Nas filmagens, ela conheceu o ator Jonny Lee Miller, seu primeiro marido.

Colecionadora de facas e fã do estilo gótico, Angelina deixou o vestido em casa e apareceu de calça de couro na pré-estreia de Tomb Raider, em 2001. Na época, ela já era casada com o ator Billy Bob Thornton, que compartilhava do amor da esposa por coisas sombrias. Além de tatuar o nome do marido, Angelina carregava num pingente um frasco com um pouco de sangue de Thornton. No mesmo ano, ela entrou com pedido judicial para retirar o sobrenome do pai, com quem vivia às turras.

Foi nas filmagens de Tomb Raider que a atriz conheceu o Camboja, país que passou a visitar com frequência para regularizar a adoção de Maddox, seu primeiro filho. Em 2003, ao lado do novo companheiro, o ator Brad Pitt, Angelina fundou a Maddox Jolie-Pitt Foundation, dedicada a erradicar a extrema pobreza. Nomeada Embaixadora da Boa Vontade da Organização das Nações Unidas, passou a viajar pelo mundo promovendo causas sociais e angariando fundos. Angelina e Brad adotaram mais duas crianças, Pax e Zahara, e tiveram outros três filhos biológicos.

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Família do bem

Em 2008, Angelina Jolie e Brad Pitt venderam fotos dos gêmeos Knox Léon e Vivienne Marcheline para as revistas People e Hello. O dinheiro, cerca de R$ 35 milhões, foi todo destinado a causas humanitárias apoiadas pelo casal.

Após o terremoto no Haiti, em 2010, Angelina visitou o país, conversou com vítimas e fez contatos para arrecadar ajuda. Ela e Pitt também contribuíram doando cerca de R$ 3 milhões para a organização Médicos Sem Fronteiras.

Durante o evento Women in the World 2013, em abril, Angelina anunciou a doação de US$ 200 mil ao Fundo Malala, que beneficia a educação de meninas no Paquistão. A atriz também revelou estar criando, em parceria com o joalheiro Robert Procop, uma linha de joias chamada Style of Jolie. As peças começam a ser vendidas em julho em Mônaco e na França. O valor arrecadado será doado para um projeto educacional que visa construir escolas para meninas no Afeganistão.

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