A vereadora Marielle Franco foi morta por ódio. Foi o que disse o delegado Giniton Lages, responsável pelas investigações do crime na Delegacia de Homicídios no Rio de Janeiro, hoje em entrevista coletiva. Isso já se sabia. Afinal, ninguém metralha um carro com 13 disparos tendo amor por quem está dentro dele.
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Às véspera do 14 de março, um ano depois do crime e sob muita pressão nacional e internacional, a polícia carioca prendeu dois suspeitas e crava que foram eles os executores da vereadora do PSOL, do Rio, e do motorista Anderson Gomes, que dirigia o veículo em que estava ainda a assessora da parlamentar, Fernanda Chaves, que não foi ferida. As duas perguntas que permanecem à espera de resposta: quem mandou matar e o motivo do crime?
O anúncio dos matadores já era esperado para esses dias. Algumas das pessoas que ouvi para a reportagem publicada na edição do final de semana, na NSC, declaravam a certeza de que a polícia já sabia quem tinha matado. A dúvida era quando a divulgação dos nomes ocorreria e a resposta completa para o duplo homicídio.
A prisão do policial militar reformado Ronnie Lessa, 48 anos, e do ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, 46 anos, traz um pouco de alívio ao coração dos familiares de Marielle Franco. Assim como para todos que lutam pelo esclarecimento do crime. Mas não é o suficiente para devolver à sociedade o sossego com o fim da banalização dos assassinatos no país: 63 mil no ano passado.
Na entrevista coletiva, o delegado disse que Lessa, o matador, tinha obsessão à pessoas de esquerda. Queiroz seria o motorista do carro que seguiu e fechou o veículo onde estavam as vítimas. O policial não relacionou o assassinato ao fato de Marielle ser negra, pobre, lésbica, defensora dos direitos humanos e ativista social. Disse que o crime foi praticado por motivo torpe. Será?
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