Tereza é uma mistura de teatro do absurdo com o do oprimido. A nova personagem criada por Galvão Bertazzi, que será estampada às quintas-feiras no Anexo, é mulher, confiante, livre, com muita vontade – mas muita mesmo – de viver tudo. Para ela não existe mais ou menos. E para não assustar os leitores com suas ideias intensas e autênticas sobre o mundo, se apresenta aos poucos.
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A primeira vez que Tereza apareceu em tirinhas foi no livro Compêndio, coletânea de obras lançada pelo próprio artista no primeiro semestre deste ano. Ali ela já explorava sua faceta libertária. Agora, seguindo essa ideia original, Galvão molda a personalidade dela a cada traço:
– Ela é malcriada, não é submissa e está bem à vontade com quem é. O grande mote é que ela se conhece e se aceita. Não se poda, não se limita. É muito resolvida com ela mesma.
A inspiração nasceu a partir do modo como o próprio Galvão enxerga as mulheres. Casado e cercado por amigas, se baseia em situações que ocorrem ao seu redor. São episódios comuns, mas que têm o absurdo multiplicado por 30 ao serem transportados para o desenho. É aí que ele mais se diverte: colocando uma pitada de estranheza nesse corriqueiro humano.
Apesar de falar sobre o universo feminino, a mulher estereotipada não tem
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lugar nesta tirinha. Tereza não é feminista ou machista, não é pró-isso ou contra aquilo. É uma personagem crítica, que vai sempre ter uma opinião forte e bater de frente com regras e normas estabelecidas.
Tereza, cheia de graça e humor ácido, é o centro de um universo que gira em torno dela. Com 20 anos de trabalho na área, Galvão explica que ela o possibilita orbitar entre as temáticas do mundo e da sociedade.
E no fim a Tereza não quer que todo mundo bata palmas. Não é assim tão óbvia. Tereza filosofa, instiga, enfrenta. É aquela que coloca a pulga atrás da orelha propositalmente. Se o leitor arquear a sobrancelha e disser um sonoro “como assim, Tereza?”, ela saberá que conseguiu o que queria: sair do lugar-comum e propor a reflexão.
Confira a tirinha número 1:
