Difícil essa semana que se disse ¿santa¿. Difícil conviver com as notícias que me chegaram pela invisível conexão de internet. Era lista de corruptos com mais de 500 nomes envolvidos, era caso de relacionamento abusivo em rede nacional (cuja vítima, como sempre ocorre, sequer tinha se dado conta da gravidade da manipulação psicológica a que era submetida), eram mortos e feridos por causa da violência urbana… É, amigo leitor, são dias difíceis.

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Difíceis foram os dias de Cristo na última semana antes da crucificação. Depois da entrada gloriosa em Jerusalém, montado num burrico e recebendo louvores com ramos de palmas, a perseguição começou. Jesus, homem, sabia o que viria – e, talvez, justo por saber, é que a angústia da expectativa pudesse ter se tornado pior. Traído por um de seus melhores amigos, um daqueles a quem ele chamava de irmão, foi entregue à lei. Foi açoitado, humilhado, tripudiado. Carregou a própria cruz, na qual morreria. Passou sede, fome. Teve sua feita motivo de chacota. Nos últimos instantes, chegou a se questionar sobre os propósitos do Pai, perguntando-lhe por que tinha sido, por Ele, abandonado.

Quantas vezes na vida nós não nos sentimos assim: abandonados, percebendo nossa fé se esvaindo pelos vãos dos dedos, justamente por não ser possível segurar nas mãos algo tão impalpável, como a fé? Quantas vezes a vontade de desistir nos abraça e dançamos com a morte, que tenta nos seduzir? Quantas vezes pensamos em desistir da bondade, porque o mundo confunde ser bom com ser bobo?

Mas, amigo leitor, isso tudo passa. A Sexta-feira da Paixão, após tempestade, passou. Houve quem se arrependesse, houve quem fosse esperar pelo juízo. Não podemos nos esquecer que a magia acontece justamente no Sábado de Aleluia e que, na manhã de domingo, o terceiro dia da morte, Cristo não estava mais na tumba onde jazia seu corpo. É preciso acreditar no milagre que se anuncia pelo Domingo de Páscoa, é preciso crer na mensagem de transformação que a data anuncia.

O mundo nos engana, nos trapaceia. O mundo é um lugar de choros e lamentações. Só que não é assim o tempo todo. Há chuva e tempestade, há dias que escurecem e se transformam em noites. Mas há o arco-íris após os 40 dias de dilúvio, há a bonança se abrindo após a tormenta. Que a promessa dos dias de glória não nos deixe abater nos dias de luta. Feliz Páscoa.

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