Começou o mês de novembro. Pela segunda vez consecutiva, decidi participar de um desafio internacional que move milhares de (aspirantes a) escritores em todo o mundo: o NaNoWriMo (National Novel Writing Month). A ideia do NaNo – como é conhecido pelos mais íntimos – é fácil e simples à primeira vista: escrever um romance de 50 mil palavras em 30 dias.

Continua depois da publicidade

O desafio surgiu lá nas terras do Tio Sam (por isso, o national na sigla). Muito embora tenha se tornado um concurso internacional, os participantes do NaNo são divididos por região. Não há juízes, não há quem controle se você está seguindo as regras (ou se é um NaNoRebel): você é seu único oponente nessa competição e, se burlar as regras, ninguém vai ficar sabendo.

Costumo comparar a participação no NaNo com correr uma maratona: ninguém consegue chegar ao fim de uma corrida de fundo na primeira vez – muito menos como vencedor. Assim, para quem não tem o hábito da escrita, participar pela primeira vez do NaNo é mais do que um desafio de superação: é um exercício de paciência.

Aprendi algumas coisas bem interessantes em 2015. A primeira delas é que nem sempre um elefante incomoda muita gente. Uma das dicas para não travar a escrita durante o NaNo é trocar a palavra que lhe foge, aquela marota que costuma se esconder nos confins da nossa memória, por elefante. Não planejou um nome bacana para o prédio da sua história? Edifício Elefante. Não sabe de que cor são os sapatos da mocinha? Saltos elefantes. Depois de pronto, basta trocar os elefantes por algo menos excêntrico.

Continua depois da publicidade

Confira as últimas notícias de Joinville e região.

Outra coisa que o NaNo faz pelo escritor: ensina a ouvir os personagens. Não, não estou louca, nem ouvindo vozes pela casa. Pode ficar tranquilo, caro leitor, que esta cronista que vos fala está em perfeitas condições de saúde mental (até que se prove o contrário). Mas, como o contato com a história é intenso e constante, personagens acabam criando vida própria – inclusive, às vezes, personagens secundários ganham protagonismo enquanto outros nos esfregam verdades na cara como se oferecessem flores.

Provavelmente, vou atingir minha meta de 50 mil palavras antes do previsto. Deixei um roteiro pronto e a escrita só flui. Mas o mais importante não é isso: é saber que, com pressa ou com calma, meus dedos acabam psicografando aquilo que meus personagens me cantam aos ouvidos. O mérito é deles, não meu.