Tenho me perguntado nesta semana: o que tem acontecido com a humanidade? A tecnologia e todas as mudanças vividas desde a era paleolítica nos fizeram mesmo evoluir?

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Imaginemos a seguinte situação (que deve ter acontecido com nossos antepassados): estamos numa selva, levando nossa vida, quando surge um predador (um leão? Um urso? Um bicho qualquer cujo nome eu não sei mencionar neste momento?). Nosso instinto de sobrevivência soava dentro de nós um alarme e, sem pensar em qualquer coisa, nos colocávamos a correr como se não houvesse amanhã — até porque, se fôssemos pegos pelo predador, não haveria mesmo o dia seguinte). Fazíamos o que precisava ser feito, na hora exata da necessidade.

Ainda vivemos numa selva, em tempos diferentes. Não temos mais um predador à espreita para se alimentar de nossas carnes, mas o mundo espera, de certa forma, uma chance de nos devorar. O caso é que nem sempre estamos dispostos a fazer o que precisa ser feito.

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Se o homem moderno entrasse pelo túnel do tempo e caísse na era paleolítica, não sobreviveria muitos minutos. Não temos a mesma disposição para correr do que nos faz mal, não temos a mesma iniciativa para fazer o que é necessário. Se o “bicho qualquer cujo nome eu não sei mencionar neste momento” aparecesse e o ser humano estivesse em um momento de grande reflexão e introspecção, provavelmente nem saberia o que estaria acontecendo, nem quem o estaria engolindo a grandes bocadas. Aliás, acho que nem precisaria estar o homem olhando para dentro: bastaria estar olhando qualquer uma das telas que carrega consigo. As telas nos fazem perder momentos preciosos de vida e, quando menos percebemos, fomos engolidos (o problema maior ainda viria, quando a digestão terminasse — o que seríamos, mesmo, no fim das contas?).

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É hora de deixar de lado o que nos impede de caminhar. É hora de pensar que as feras devoradoras não são mais as mesmas, mas isso não significa que elas deixaram de existir. É hora de olhar para o mundo sem esquecer quem nós somos de verdade, é preciso manter um olho na meta e outro na ação, é preciso saber que o predador é rápido porque disputa a presa que o alimentará, mas que nós fugimos dele para não precisarmos dar nossa vida numa refeição.

Deixe as desculpas de lado. Pare com a autopiedade. E, em nome dos que virão, deixe um pouco de lado as telas. As futuras gerações agradecem.