Com garupa, cestinha, e até com guidom mais longo, dando um ar Harley Davidson. As bicicletas estão por toda a parte em Itajaí e há muitos anos fazem parte do cotidiano da cidade. Quem chega de outros lugares pode até estranhar, mas a “zica” é um dos meios de transporte mais utilizados por quem mora aqui. Pesquisa do Instituto Mapa publicada pelo Grupo RBS em novembro de 2011 aponta que, entre as 10 cidades mais populosas do Estado, Itajaí é a que mais usa bicicletas para se locomover. O problema, porém, é onde andar de bicicleta na cidade.

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Com uma área total de 289 km², segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Itajaí tem só 20 km de ciclovias ou ciclofaixas. Elas ficam em ruas e avenidas dos bairros Cordeiros, São Vicente, Cidade Nova, São João, São Judas, Vila Operária e Centro. Mesmo assim, vias importantes como a Reinaldo Schmithausen, no Cordeiros, a Estefano José Vanolli, no São Vicente, e a Indaial, que vai do São João ao Dom Bosco, não têm espaços destinados ao tráfego de ciclistas.

A situação pegou o pernambucano Alexandre da Silva de Souza, 21 anos, desprevenido. Há uma mês na cidade, ele foi derrubado por um carro ao andar de bicicleta numa via onde não há ciclovia, a Caninana. Duas semanas atrás, o ajudante de arrumador pedalava espremido entre os veículos e a calçada, quando um carro o jogou no passeio.

– Quebrou até a bicicleta, me ralei todo e o motorista nem parou pra me ajudar. Mas eu fui obrigado a ir por ali, não tem onde andar de bicicleta – conta.

Falta planejamento para absorver a demanda

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Pesquisa realizada pelo instituto Mapa e publicada pelo Grupo RBS ano passado, revela que entre as 10 cidades mais populosas de Santa Catarina, Itajaí é a que mais utiliza a bicicleta como meio de transporte, sendo o meio a preferência de 18 % dos 406 entrevistados.

Mas segundo o coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Univali, Carlos Barbosa, a bicicleta passou a ser encarada como veículo no Brasil há apenas cinco anos, por isso as cidades não foram planejadas para absorver essa demanda.

– Com a catástrofe da mobilidade que está ocorrendo, se começou a pensar em como resolver esse nó – diz.

Agora, o professor salienta a importância de se investir em ciclovias integradas e conscientização dos motoristas. Como ocorreu em Copenhagen, na Dinamarca, há mais ou menos 10 anos. Barbosa explica que o governo fez campanhas educativas e investiu pesado em ciclovias e hoje a cidade é uma referência no quesito.

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O secretário de Planejamento Urbano de Itajaí, Paulo Praun, afirma que integrar as vias destinadas aos ciclistas é um projeto do município, mas por enquanto nada tem prazo. Ele confirma o que diz Carlos Barbosa, de que antigamente foi incentivado o consumo de automóveis e por isso ruas que poderiam ter nascido com ciclovias estão tendo de ser revitalizadas. A Avenida Adolfo Konder, por exemplo, está com obras em andamento e deve ficar pronta até o fim deste ano com 5 km de ciclovias.