Topázio Silveira Neto (PSD), prefeito reeleito de Florianópolis com vitória em primeiro turno neste domingo (6), é elogiado por apoiadores que se aproximaram mais dele durante a campanha pela sobriedade e pela virtude de “saber o tamanho que tem”. Confirmado este atributo, Topázio sabe que sai muito maior da eleição deste domingo. Em dois anos, passou de desconhecido a um político vitorioso.

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Topázio é representante da geração de políticos habilidosos em se comunicar com o eleitor pelas redes sociais. Um grupo que tem nomes como Eduardo Paes (PSD), do Rio de Janeiro, e João Campos (PSB), do Recife, ambos reeleitos neste domingo. A estratégia de vídeos divertidos na internet lhe rendeu o apelido de “Prefeito Tiktoker” — crítica de adversários que Topázio acabou incorporando e dando conotação positiva. São 400 mil seguidores no Instagram, 315 mil no TikTok. Nessas redes, destacou ações como um hospital novo construído em nove meses, uma escola em 42 dias. A fama nas redes sociais e as entregas contribuíram com uma aprovação de 53% da gestão, segundo a pesquisa Quaest de setembro, contratada com exclusividade pela NSC.

Mas Topázio tem agora um número maior do que todos esses a comemorar. Criticado no primeiro debate por não ter voto (era candidato a vice de Gean Loureiro na sua única eleição até aqui, em 2020), o prefeito chegou a fazer um vídeo dizendo carregar a frase consigo e reconhecendo que nunca havia pedido voto para ele mesmo. Topázio, agora, tem voto. Mais especificamente 161.839 votos, segundo a apuração final do primeiro turno das eleições deste domingo. Com votos e agora um mandato para chamar de seu, o prefeito entra de vez na vitrine da política de SC.

— Para quem nunca fui votado, eu estou muito feliz com a quantidade de votos que a gente recebeu — brincou o prefeito, após a vitória deste domingo.

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O “Prefeito Tiktoker” contra jacarés

Topázio Neto apostou numa campanha baseada no carisma e no lado pessoal já característicos do prefeito nas redes sociais. Santinhos com fotos irreverentes tomando caldo de cana, pescando tainha ou dando um rolê de longboard na Beira-Mar e jingles cutucando críticos (“Sai pra lá, jacaré”) ajudaram a levar a linguagem da internet para a televisão e as ruas. Na Ilha da Magia, a imagem leve e com metáforas quase folclóricas ajudou a divulgar as entregas consideradas importantes pelo governo, como o Multihospital do Sul da Ilha e as obras na região da Lagoa da Conceição.

A gestão de Topázio foi alvo central de críticas durante a campanha, com acusações sobre as operações policiais envolvendo servidores e ex-secretários. Nada disso pareceu ameaçar o domínio do prefeito na busca pela reeleição. No último debate da NSC TV, como num filme de Rocky Balboa, tentou contragolpear nos rounds finais, mirando contradições dos rivais.

No fim das contas, a alquimia de gestor manezinho tiktoker — mesclando entregas do governo com o jeito bem-humorado de um Topázio garotão nas redes — fez a popularidade do prefeito superar as críticas e eventuais problemas da administração.

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O Topázio articulador

O descontraído Topázio Neto mostrou que também pode ser pragmático como um Frank Underwood, da série “House of Cards”, a preferida do prefeito reeleito segundo contou à reportagem da NSC. Na campanha deste ano, não hesitou em “misturar o sangue” com o PL. Embora a figura do ex-presidente Jair Bolsonaro como apoiador não tenha aparecido muito, o agora prefeito reeleito caminhou ao lado do governador Jorginho Mello até o último dia de campanha e enalteceu a presença da vice, Maryanne Mattos (PL), indicação direta de Jorginho.

A dobradinha entre Topázio e Jorginho começou num momento de crise, após cobranças públicas à Casan por problemas no saneamento do Sul da Ilha. O governador mostrou-se receptivo, pediu prioridade para atender o prefeito, liderança influente na Capital. Topázio captou a senha e percebeu que poderia ter no governador um aliado estratégico. Figuras como os filhos do governador, Bruno e Filipe, e o presidente do PL de Florianópolis, Heleno Orlandino Martins, que morreu neste domingo, também intercederam em favor de uma aproximação entre governador e prefeito.

Entre as primeiras ações conjuntas esteve o anúncio de obras na SC-401, gargalo importante da Capital. Quando Topázio e Jorginho posaram para fotos puxando um lanço de tainha na praia da Barra da Lagoa, em maio deste ano, a rede para 2024 estava costurada.

Há pelo menos dois papéis importantes reservados a Topázio a partir da vitória na eleição deste domingo. O primeiro é a consequência direta dos votos de 58% dos eleitores da Capital: gerir a cidade. Cumprir promessas como o novo hospital municipal do Norte da Ilha, hospital veterinário, praça no clube de remo. Resolver problemas históricos de mobilidade, saneamento, coleta de lixo. Combater novos casos de corrupção com membros da prefeitura que possam prejudicar o município. Desafios pelos quais Topázio tende a ser mais cobrado a partir de agora, já que deixou de ser um desconhecido e conquistou o segundo mandato apresentando-se como um prefeito com perfil de gestor.

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A segunda missão de Topázio deve ocorrer no campo político. Os passos devem ser diferentes dos dados pelo antecessor e ex-aliado Gean Loureiro. Ele não deve ser candidato a nada em 2026. O que não significa que não terá papel decisivo no contexto eleitoral do Estado daqui a menos de dois anos.
Topázio é do PSD, que esteve na chapa vencedora em seis das maiores 10 prefeituras de SC na eleição deste domingo. Inclui-se aí Chapecó, do prefeito João Rodrigues, reeleito com 83% — uma vitória que o cacifa como possível nome para disputar o governo contra Jorginho Mello em 2026.

Apesar disso, nos últimos meses o prefeito de Florianópolis esteve mais perto da turma do partido de Bolsonaro e da sua nova vice. O cenário pode colocar Topázio em uma encruzilhada, tendo que escolher em qual grupo seguir. Ou pode ser o fiel da balança.

O prefeito da Ilha de Santa Catarina pode construir pontes num possível projeto que concilie interesses e una PL e PSD — caso João Rodrigues decida por outro caminho, como concorrer ao Senado. Uma conciliação que pode ter que começar já em 2025, com a divisão de espaços entre PSD e PL na prefeitura.
Em qualquer dos casos, Topázio terá em suas mãos seu destino partidário e também a gestão da Capital. Tudo isso agora sob olhares atentos para quem entrou de vez no rol dos protagonistas políticos de Santa Catarina.

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