Um tema que já foi tratado como utopia ocupou lugar de protagonista no primeiro debate entre os candidatos a prefeito de Blumenau nas Eleições 2024, realizado nesta terça-feira (20) pelo NSC Total. Trata-se da tarifa zero no transporte público.

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A proposta de catraca livre nos ônibus está presente nos planos de governo de três dos cinco candidatos apresentados à Justiça Eleitoral: Ana Paula Lima (PT), Ricardo Alba (Podemos) e Rosane Martins (PSOL). No debate do NSC Total desta terça, os três trouxeram o assunto à baila em meio às críticas ao transporte coletivo de Blumenau.

Os candidatos sugeriram caminhos diferentes para chegar ao mesmo fim. Ana Paula Lima (PT) propôs custear a tarifa zero com recursos de um Sistema Único de Mobilidade em discussão no Congresso e uma implantação escalonada, começando com gratuidades para estudantes. Ricardo Alba (Podemos) defendeu a tarifa zero bancada por fontes como subsídio municipal por quilômetro rodado, vales-transporte pagos por empresas e um novo fundo de concessões de serviços como iluminação pública.

Ao fim e ao cabo, as propostas tratam como viável uma ideia que já foi vista com descrença em outras campanhas eleitorais. O tema passou a ganhar destaque após movimentos como a Revolta da Catraca de Florianópolis, em 2004, e os protestos do Movimento Passe Livre em 2013. No entanto, pareceu entrar em uma nova fase nos últimos anos, após a pandemia, quando a necessidade de maiores subsídios às empresas motivou experiências de tarifa zero em cidades catarinenses como Governador Celso Ramos, Garopaba e, mais recentemente, Balneário Camboriú.

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No “termômetro das ruas”, medido pelos candidatos durante a pré-campanha, o tema transporte coletivo ainda faz subir a temperatura das queixas dos eleitores. Mesmo os candidatos que não quiseram embarcar na fila da tarifa zero apostaram no tema por outra via: a revisão do contrato com a atual concessionária, a Blumob.

Veja como foi o debate

O próprio candidato Delegado Egidio (PL), apoiado pelo governo do atual prefeito Mário Hildebrandt (PL), admitiu que em eventos nos bairros o assunto aparecia entre as queixas, com relatos de pessoas que “não conseguem nem mais ir à missa ou ao culto” por conta do número menor de linhas aos fins de semana, e prometeu um aumento de horários nesses dias.

Em uma cidade machucada com o tema do transporte coletivo pelo histórico de greves de motoristas e de crise do Consórcio Siga, que resultou na troca da empresa responsável pelo serviço, em janeiro de 2016, não é surpresa que o transporte coletivo ocupe lugar de protagonismo entre as cobranças dos eleitores aos candidatos. A novidade agora é que a discussão se dê em torno da tarifa zero, ou ao menos de subsídios capazes de gerar gratuidades a públicos específicos.

Candidatos ficaram frente a frente em debate do NSC Total nesta terça-feira (Foto: Patrick Rodrigues, NSC Total)
Candidatos ficaram frente a frente em debate do NSC Total nesta terça-feira (Foto: Patrick Rodrigues, NSC Total)

Após o primeiro debate, resta saber como o eleitorado blumenauense vai reagir à nova proposta apresentada agora com ares de solução para os problemas do transporte coletivo local. Em tempos de polarização, com visões antagônicas sobre qual deve ser o papel do poder público e da iniciativa privada, será preciso saber se a ideia de ônibus grátis vai agradar o eleitor blumenauense, ou se ele resistirá a um possível gasto direto maior dos cofres do município para bancar as passagens. A única certeza é que ignorar ou minimizar o tema do transporte público, que no debate do NSC Total já deu sinais de poder ser um tema sensível durante a campanha, pode deixar pelo caminho não apenas passageiros descontentes, mas também projetos políticos.

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