A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) solicitou à Polícia Federal (PF) informações precisas sobre o operador do jato Cessna Citation 560XL, prefixo PR-AFA, que caiu e matou o candidato à Presidência da República Eduardo Campos e outras seis pessoas na última quarta-feira em Santos (SP). De acordo com a agência, há suspeitas de que o avião tenha sido vendido sem conhecimento da Anac.
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Conforme o órgão, em caso de venda ou transferência de proprietário, a Anac deve ser imediatamente informada, o que não teria ocorrido nesse caso. De acordo com o Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB), o Cessna pertence à AF Andrade Empreendimentos e Participações Ltda. – braço do Grupo Andrade, companhia do ramo sucroenergético cuja sede está localizada em Ribeirão Preto, interior de São Paulo.
A Anac reitera que a aeronave estava com a Inspeção Anual de Manutenção (IAM) e o Certificado de Aeronavegabilidade válidos. Fabricada em 2010 nos Estados Unidos, ela tinha uma configuração para nove passageiros e possuía o gravador de voz (Cockpit Voice Recorder – CVR) instalado.
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“A aeronave era de propriedade da Cessna Finance Export Corporation e era operada pela empresa privada AF Andrade Empreendimentos e Participações Ltda. por meio de arrendamento operacional (leasing). A Anac informa que solicitou apoio da PF para localização do operador a fim de verificar informações sobre eventual venda da aeronave, ainda não comunicada à Agência”, ressaltou o órgão.
De uso privado, o avião não poderia ser arrendado ou alugado para outra empresa ou candidato – no caso, Eduardo Campos. É o que estipula o RAB, que controla todas as 14 mil aeronaves registradas no país. O professor Georges Ferreira, especialista em Direito Aeronáutico na faculdade de Ciências Aeronáuticas de Goiás, adverte que ele só poderia ser emprestado:
– Um avião privado não pode servir de táxi aéreo nem para transporte remunerado e de carga. Ele é para uso do dono ou empréstimo, não remunerado. Ou a AF Andrade o emprestou ao candidato Campos, ou o avião estava em situação ilegal, e os donos vão responder por isso perante a lei.
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Empresário de Alagoas nega compra
Horas após o acidente em Santos, o empresário de Arapiraca – maior cidade do interior de Alagoas – Ricardo Barreto Dantas foi alvo de especulações e teve de acionar sua equipe de assessores para provar que ele não é o dono do jato Cessna. Amigo íntimo de Campos, a quem ele considerava um segundo pai e líder político, Dantas diz que foi vítima de “especulação”.
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Ele foi visto diversas vezes com Eduardo Campos nos últimos anos e, em 2012, concorreu ao cargo de vice-prefeito em Arapiraca com seu apoio, mas acabou perdendo. Na última sexta-feira, dia 8, eles almoçaram juntos em Alagoas e trocaram ideias sobre a campanha presidencial. Dantas é fundador da Coagro, empresa do ramo agropecuário.
– Pura especulação. Não tenho condições de comprar nem um pneu daquele avião – assegurou.
Zero Hora entrou em contato diversas vezes com o Grupo Andrade e não recebeu retorno. Já a coordenação da campanha de Campos à Presidência da República só vai se manifestar após o enterro das vítimas do voo, que deve ocorrer no domingo.
Acidente aéreo matou sete pessoas
Candidato à Presidência pelo PSB, Eduardo Campos morreu na manhã de 13 de agosto, em um acidente de avião em Santos, no litoral paulista. A queda da aeronave, que ia do aeroporto Santos Dumont (RJ) ao aeroporto de Guarujá (SP), matou outras seis pessoas – dois assessores, um fotógrafo, um cinegrafista e dois pilotos.
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Nascido em Recife (PE) em 1965, o ex-governador de Pernambuco Eduardo Henrique Accioly Campos era o terceiro colocado na corrida presidencial, atrás de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB). Campos era neto e herdeiro político de um dos mais influentes líderes da esquerda nacional, o também ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes. Casado há mais de 20 anos com a economista Renata Campos, o candidato deixa cinco filhos, com idades entre 21 anos e cinco meses.
Com a morte de Campos, o nome da vice em sua chapa, Marina Silva (PSB), despontou como favorito. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em caso de falecimento de candidato, o partido do substituído tem de pedir o registro da nova candidatura em até 10 dias. O prazo conta a partir do fato que motivou a substituição.
Confira imagens do acidente que matou Eduardo Campos: