Com o preço das passagens aéreas durante a Copa do Mundo nas nuvens, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) autorizou a criação de 1.973 voos para atender a maior movimentação de passageiros.
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Os voos são entre aeroportos localizados nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo, além de outras 13 localidades situadas a até 200 quilômetros de distância dos estádios e origem de muitos torcedores, como Buenos Aires.
Especialistas, no entanto, questionam se a medida, de fato, trará alívio ao bolso do consumidor. Os maiores reforços têm como origem ou destino, aeroportos localizados no sudeste do país, em São Paulo e no Rio de Janeiro. O Galeão, na capital fluminense, ganhou 504 novos voos para Argentina. Quem mora em Brasília, por exemplo, terá mais 288 opções. Com aumento no número de bilhetes à venda, o diretor-presidente da Anac, Marcelo Guaranys, afirmou que o preço das passagens deve cair. Até o momento, somente 4% das passagens que serão ofertadas para a Copa foram vendidas.
Em outubro, reportagem de Zero Hora apontou que o custo de uma passagem aérea a partir da capital gaúcha durante a Copa e um mês antes tinha diferença de até 577%. Na semana passada, em novo levantamento, a diferença continuava expressiva, com passagens até quatro vezes mais caras.
Abuso nos valores será questionado
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Guaranys disse também que o governo vai acompanhar, a cada 15 dias, os preços que as empresas aéreas nacionais estão cobrando pelas passagens para os destinos da Copa. Em caso de abuso, poderão ser questionadas.
– Órgãos de defesa do consumidor, além do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, podem agir caso seja verificado abuso na cobrança – disse.
Na avaliação de especialistas, no entanto, a maior oferta de voos não significa necessariamente redução de preços, como prevê o governo. A queda vai depender da procura dos turistas.
– Muita gente que não vai assistir os jogos em estádios vai deixar de viajar. O impacto nos valores das passagens só acontece quando a lei de oferta e demanda funciona. E as companhias aéreas, em geral, têm dificuldade de estimar a demanda – afirma Jorge Leal Medeiros, professor de transportes aéreos e aeroportos da Universidade de São Paulo.
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Elton Fernandes, professor de produção e transporte da Coppe/UFRJ, avalia que o preço pode não cair, mas a medida deve, pelo menos, impedir novos aumentos.
Atraso generalizado nos aeroportos
Confira os aeroportos das cidades-sede ainda não completaram nem a metade das obras previstas
Porto Alegre
Até o momento, apenas 2% das obras de reforma e ampliação do Salgado Filho estão concluídas. A previsão é que sejam finalizadas até maio, com quase um ano de atraso. A ampliação da pista de pouso foi excluída do projeto da Copa. Ficou para o fim de 2016.
São Paulo
Em Guarulhos, maior aeroporto do país, 80% das obras estão concluídas. O prazo é até abril de 2014. A responsabilidade é da concessionária que administra o aeroporto desde novembro de 2012.
Rio de Janeiro
A reforma do Galeão deveria ter ficado pronta há um ano e quatro meses. Agora, a Infraero não garante a conclusão das melhorias até o Mundial. No Terminal 2, o atraso já é de seis meses.
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Brasília
No aeroporto Presidente Juscelino Kubitschek, faltam concluir 30% das obras do terminal de passageiros. Enquanto isso, o transtorno é grande para os passageiros.
Salvador
No terminal Luís Eduardo Magalhães, apenas 31% da reforma e ampliação estão concluídos. A garantia é de que deverão ser entregues em abril, com mais de um ano de atraso.
Pátios limitados podem provocar fila de aviões
A ampliação da quantidade de voos não afeta a segurança aérea, mas, do ponto de vista da comodidade, passageiros devem sentir impactos. O número de voos atrasados pode aumentar. E as filas não serão apenas de passageiros, mas também de aviões, em razão da limitação de pátios no terminais.
-Todas as cidades que já receberam um evento desse tamanho, sofreram algum tipo de transtorno por causa do aumento de passageiros nos terminais. Então, aquelas filas enormes que vez ou outra presenciamos, podem ficar um pouquinho maiores. No Brasil, só é pior porque deixamos para investir na última hora – diz Jorge Leal Medeiros, professor de transportes aéreos e aeroportos da USP.
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Elton Fernandes, da Coppe/UFRJ, faz coro, mas afirma que os aeroportos não devem ser a maior preocupação:
– Certamente vai haver algum desconforto. Mais gente circulando pelos terminais exige mais da infraestrutura do local, que todo munda sabe, não é boa. Mas os aeroportos estão longe de ser a minha maior preocupação. Me preocupo mais com serviços básicos. Ficamos quase duas semanas sem fornecimento adequado de água, por exemplo. Isso sim, pode causar um verdadeiro caos.