O protagonismo que Santa Catarina detém em setores econômicos tem origens diferentes. A colonização fracionada das regiões do Estado, primeiro, com açorianos no Litoral, mais tarde com imigrantes alemães e italianos em regiões como o Vale do Itajaí e o Norte, e os outros europeus e gaúchos que se instalaram posteriormente no Oeste de SC criaram economias locais fortes e com características distintas entre si.
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Desse processo nascem as chamadas vocações regionais de SC. O agronegócio do Oeste, a cerâmica do Sul do Estado, as indústrias têxteis e metal-mecânicas do Vale do Itajaí e do Norte. Atividades diferentes, mas que à sua maneira alcançaram papel de destaque nacional e até internacional. Todo esse contexto traz necessidades diferentes para que as regiões catarinenses mantenham o protagonismo conquistado ao longo das décadas.
Ampliar o protagonismo de SC é o terceiro eixo escolhido por entidades ouvidas no projeto SC Ainda Melhor, da NSC Comunicação, que aponta caminhos ao longo da campanha eleitoral de 2022 em busca do fortalecimento do Estado nos próximos anos.
A economista e professora da Unochapecó, Bruna Furlanetto, explica o que é esse papel de destaque a ser buscado pelo Estado.
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— O protagonismo, o nome dele já diz, é você ter o papel principal, é ser aquela pessoa, aquele ente, aquele órgão do governo, do Estado, que faça a diferença, que olhe para o todo, e que tem que buscar a melhoria na qualidade de vida das pessoas que estão inseridas nesse processo — aponta.
A ampliação desse protagonismo pode ser buscada fortalecendo as vocações regionais da economia. Um exemplo é o caso do agronegócio catarinense, um dos setores que lideram o protagonismo de SC. O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo, diz que para o setor, um investimento importante seria para conter perdas nos períodos de estiagem. Formas de armazenar água em pequenas propriedades seriam um tipo de investimento importante a ser organizado por um projeto de governo.
O presidente da Federação das Associações Empresariais de SC (Facisc), Sérgio Rodrigues Alves, confirma que a atenção às peculiaridades das regiões também é importante para o destaque do Estado.
— As regiões de SC têm sua vocação natural, então isso (desenvolvimento) passa, de fato, pela característica regional — aponta.
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Eixos do SC Ainda Melhor
Eixo 1 — Investimento em Infraestrutura
Eixo 2 — Educação e qualificação de mão de obra
Eixo 3 — Ampliar o protagonismo de SC
Eixo 4 — Eficiência na gestão e visão de estadista
Eixo 5 — Investimento em saúde em longo prazo
Cobrança por mais retorno de impostos
Mas os avanços também passam por outros aspectos. Manter os altos indicadores econômicos e sociais, como o sexto maior PIB do país, com R$ 323 bilhões produzidos em 2019, e o terceiro melhor IDH, é um deles. Desenvolver outras atividades e serviços, como o turismo, é outra missão. Para alcançar esses objetivos, uma cobrança forte de empresários é o retorno maior de investimentos públicos em relação ao que o Estado arrecada em impostos federais. Desafio para a interlocução de governadores e parlamentares a serem eleitos em outubro.
— Somos os maiores produtores em termos de maçã, carne suína, segundo maior produtor de carne [de frango]. Enfim, acho que SC tem um destaque muito importante no contexto econômico nacional. Infelizmente, e aí nós temos que reconhecer, apesar dos esforços do governo, nós não recebemos o devido reconhecimento por tudo aquilo que a gente representa na economia nacional — cobra o presidente da Facisc, Sérgio Rodrigues Alves.
O dirigente cobra também incentivo às micro e pequenas empresas, que respondem por 95% dos negócios de SC, segundo dados do Sebrae.
— Quando eu falo incentivo, é apoio, do governo estadual e até mesmo federal, para o desenvolvimento dessas empresas. Apoio, incentivos fiscais a essas empresas, isso é muito importante, até para gerar novos negócios e facilitar muitas coisas importantes quando uma empresa está em fase de desenvolvimento — sustenta.
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A reivindicação de mais retorno de impostos encontra eco também no agronegócio. O presidente da Faesc também cobra mais reciprocidade na distribuição de impostos para SC.
— Eu acredito que nós não recebamos 6%, 7% daquele total que nós mandamos para Brasília através de impostos. Eu reconheço que temos uma unidade federativa, mas acho que temos espaço para sermos melhor aquinhoados com recurso de obras federais — defende Pedrozo.
A atração de investimento, seja do poder público ou de empresas, é essencial a esse protagonismo em todas as regiões, explica a economista Bruna Furlanetto.
— Gerar investimento público ou atração do investimento privado para que estimule, viabilize, contribua com o desenvolvimento dessa região, de forma igualitária e sustentável, porque a gente desenvolvendo região após região, vai alcançar o desenvolvimento do Estado como um todo.
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Sugestões das entidades para maior protagonismo de SC
- Melhorar e superar os indicadores econômicos e sociais, tendo SC e não o Brasil como referência.
- Garantir os recursos necessários para a viabilidade das principais obras de infraestrutura urgentes no Estado.
- Criar meios de valorizar e desenvolver as vocações regionais, gerando crescimento sustentável e igualitário em todo o Estado.
- Criar uma política efetiva para atração de investimentos e criação novas receitas para o Estado.
- Explorar e desenvolver o potencial turístico de todas as regiões do Estado, não somente no litoral, sem perder de vista a sustentabilidade ambiental.
Nova fase de vocações regionais
A historiadora e professora Sueli Petry lembra que na construção das economias de SC, como a indústria têxtil do Vale do Itajaí, fez diferença um “olhar visionário”, capaz de enxergar potencialidades onde outros não haviam visto. Como a história segue seu curso, ela enxerga no Estado agora uma nova fase, em que migrantes de outros estados que desembarcam em SC também contribuem com a economia forte e com o protagonismo do Estado.
— Santa Catarina é hoje um caleidoscópio cultural, econômico, que se destaca de outras regiões. Nós estamos vivenciando no momento uma migração muito grande de pessoas que vêm de outras partes do Brasil. Assim como fizeram os estrangeiros que aqui vieram, agora temos uma migração interna muito grande. Naturalmente eles vão sofrer um choque cultural, pela maneira de viver em Santa Catarina. É um novo aprendizado para essas pessoas que aqui chegam, mas eles já vêm com outra experiência que vai também ajudar nesse processo de desenvolvimento de SC — projeta.
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