É uma ampliação, mas tem efeitos semelhantes aos de uma nova fábrica. Não é acaso o tom de festa da solenidade que marca hoje o início das obras para aumentar a capacidade de produção anual da General Motors em Gravataí de 230 mil para 380 mil carros.
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O investimento de R$ 1,4 bilhão só na unidade gaúcha representa o maior aporte da montadora no Estado. Outros R$ 600 milhões serão aplicados no desenvolvimento da família de carros do Projeto Onix, que nasce no Estado. Além disso, os 150 mil veículos acrescidos com a expansão representam volume superior ao produzido na implantação da GM no Rio Grande do Sul.
– É uma ampliação maior do que a própria instalação da GM no Estado – resume Paulo Fernando Ely, superintendente do Instituto Gaúcho de Estudos Automotivos (Igea).
Com essa expectativa, Ely considera moderado o cálculo consensual do efeito multiplicador de empregos, de cinco vagas indiretas para cada uma do complexo. Como a previsão da GM é de um aumento de mil pessoas – incluindo os sistemistas -, a projeção alcançaria 5 mil novos postos de trabalho.
– Esse cálculo não considera o aumento de venda de roupa e comida, por exemplo. Esse tipo de investimento gera um círculo virtuoso, porque, à medida que as pessoas têm emprego, consomem mais e geram renda – ressalta Ely.
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Do ponto de vista da economia gaúcha, destaca Paulo Tigre, presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), essa ampliação representa a consolidação de um polo industrial:
– Além da geração de empregos, uma montadora sempre se transforma em referência para o Estado, porque precisa se cercar de uma série de facilidades. E como a fábrica de Gravataí se tornou conhecida por ser muito moderna, uma das mais produtivas do mundo, é importante também para a imagem do Rio Grande do Sul.
Estado assume novo patamar no setor automobilístico
Como a previsão de produção de carros este ano no país é de 3,4 milhões, caso a ampliação ficasse pronta ainda em 2010 Gravataí passaria a representar mais de 10% de toda a fabricação nacional. Ainda que alcance os 380 mil a partir de 2012, o Rio Grande do Sul deve assumir uma nova importância no setor automobilístico.
– Essa nova escala dá uma dimensão diferente, coloca o Estado em outro patamar. E como a indústria automotiva tem muita competição, traz sempre uma ideia de melhoria, de mais tecnologia, inovação – acrescenta Tigre.
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Testemunha mais próxima do efeito multiplicador da GM, Gravataí viu seu Produto Interno Bruto (PIB) quadruplicar depois da instalação da montadora no município, além da disparada de outros indicadores de desenvolvimento (veja quadro).
– Estamos recebendo essa ampliação com a mesma expectativa e alegria do primeiro anúncio, porque um empreendimento desse porte contribui para o orçamento do município – afirma a prefeita Rita Sanco (PT).
Com perspectiva de ter mais dinheiro em caixa, a prefeitura já se prepara para rever o plano diretor, para contemplar o crescimento centrado ao longo da RS-030, onde a fábrica se localiza.
– A cidade começa a se organizar pela ampliação da rodovia, que vai puxar o desenvolvimento naquela região – afirma Rita.
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Também há plano de buscar recursos federais para programas habitacionais e uma escola técnica para formação de mão de obra.