

Kely Magali Preusser, 35 anos, tem três cachorrinhas. As duas mais velhas, de nove anos, são da raça pinscher. As cadelinhas foram presente da mãe de Kely quando ela saiu de casa. Assim, morando sozinha, teria companhias. Como viveria de aluguel, a mudança não foi fácil. Kely procurou por lugares que as aceitassem e onde elas se adaptassem melhor.
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– As “meninas” me mostraram que eu tinha juízo. Trouxeram-me responsabilidades, foram as primeiras vidas em minhas mãos e me mostraram que eu dava conta. Passamos por muitas coisas juntas.
Há um ano, surgiu a Neguinha. Cambaleando pela rua com cinomose, Kely a recolheu. Foram quase três meses lutando pela vida do animal. A tutora ficou exausta, sem vida social, com a rotina focada no tratamento do bichinho. Mas valeu a pena. Hoje, a professora conta que são uma família feliz.
– Lembro-me de quando tive depressão. Fiquei três dias sem levantar da cama praticamente para nada, e elas estiveram ao meu lado sem reclamar, ouvindo meu choro, me deram força para reagir, vontade de continuar… Acho injusto viverem muito menos que eu, pois elas fazem parte da minha história, são minha família, minhas meninas, minhas filhas de quatro patas.
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Funcionária pública há 12 anos, Kely trabalha o dia todo fora. Quando chega em casa, muitas vezes encontra cães de rua esperando por ela no portão para que os alimente. Além dos bichos da vizinhança, suas “garotas” exigem cuidados especiais. Petty é a menor e tem sérios problemas de saúde: sopro no coração, calcificação no pulmão, tumores, bronquite e alergia a formigas.
Extremamente ciumenta, manda na turma. Meggy, a outra pinscher, é quietona, porém traiçoeira. A danadinha late até para pedra e já mordeu de raspão alguns amigos da tutora. É ela quem faz companhia para Neguinha no canil. Enquanto a mais velha é rabugenta, a caçula é um bebê feliz. Toda manhã, acorda “cantando” e puxa o colchão com as cobertas para o sol. Meggy vai junto, enrolada. Neguinha está sempre sorrindo, é uma baita companheira – praticamente a sombra de Kely.
A professora sempre quis fazer fotos delas, mas não encontrava profissional especializado na cidade. Certa vez, no Facebook, encontrou o perfil de Debora e a contratou.
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– A modernidade tirou um pouco a graça de se tirar fotos, pois deixamos tudo preso, dentro de um computador. Achei simplesmente maravilhoso, as fotos estão pelo meu quarto todo. Já que a partida um dia será inevitável, eternizei elas no meu coração e em fotos mais que perfeitas.

Cliques Detalhistas
Desde pequena, a fotógrafa e produtora de moda Priscila Buch, 23 anos, teve contato com animais de fazenda e adorava ficar perto deles. Bichinhos de estimação sempre foram muito queridos pela jovem, que já teve coelho, periquito, gato e cachorro. O vira-lata Billie, de oito anos, foi adotado ainda filhote. Hoje, o cãozinho mora com a mãe de Priscila, e com Priscila vivem duas gatas: Joan, de dois anos, e Cher, de cinco meses.
Joan é malhada, de cores laranja, preta e branca, e gosta de dormir no mesmo travesseiro que Priscila. Quando a fotógrafa sai e volta para casa, a gata mais velha pula a janela do apartamento no andar térreo assim que ouve o barulho do carro e espera por ela na porta principal. Cher, mais comportada, aguarda a porta de casa ser aberta.
– Quando as duas estão brincando, a Joan usa a parede como apoio para fazer a curva do corredor, então em algum momento da corrida ela chega a andar na parede. Já a Cher tem medo de perder a bolinha dela, então acaba pegando o brinquedo com a boca, como um cachorrinho, e volta a brincar quando vê que a bolinha está segura – conta Priscila.
Todos esses detalhes da rotina dos animais dizem muito da personalidade não só deles, mas também da família que formam com os humanos. E esse olhar é fundamental na hora de passar para a lente a relação dos bichos com seus tutores. Priscila adora clicar detalhes: focinho, bigodes e patas compõem a estética diferenciada proposta por ela.
A jovem conheceu a fotografia no primeiro ano de faculdade e passou a se dedicar a ela dois anos atrás. Em certo momento, no entanto, já não sentia mais prazer em fotografar eventos, casamentos, aniversários. Então, resolveu dar uma pausa na profissão até decidir o que fazer. Como brincadeira, passou a fotografar as gatas e amou o resultado. Pediu a opinião de amigos e resolveu seguir o caminho da fotografia pet.
– O principal para quem fotografa pet é ter paciência e entender o tempo de cada bichinho. Conversar com o dono é sempre fundamental para saber até onde pode chegar ou como agir com cada animal, pois cada um tem uma personalidade.

Euforia que contagia
No mundo dos cachorros, Branca já é idosa. A poodle da psicóloga Ana Carolina Alves de Oliveira, 23 anos, é daqueles animais extremamente carinhosos, mas igualmente possessivos. Por ser a mais velha da casa, tem ciúmes de todos os companheiros. Mesmo sendo menor que os outros, enfrenta-os. Não chega a brigar, ela só gosta de rosnar mesmo e se impor. É a mais obediente da casa – na verdade, a única obediente da casa. Ama colo e carinho!
A pug Beluga é um furacão! Louca, sai correndo pela casa, morde tudo o que vê. Barulhenta para comer e ronca mais alto que muita gente quando dorme. É espaçosa e muito corajosa também: adora caçar passarinhos no quintal. Gordinha, está de dieta no momento.
A Lulu é grande e vive no quintal com o Oscar, um pastor-alemão. Lulu é imponente e tem um latido que assusta, mas adora envolver o corpo de Ana com as patas e a abraçar. Já Oscar é um bobão. Muito afetuoso, o maior companheiro da psicóloga. O temperamento compensa qualquer sujeira adicional que, como macho, possa fazer.
Ana tem cachorros desde criança e não se vê morando sem pelo menos um. A felicidade dos bichinhos, ela diz, é contagiante. Já chegou várias vezes desanimada em casa e na mesma hora viu seu estado de espírito mudar ao abrir a porta do carro e ouvir a euforia deles.
– Acho que não seria um lar se não houvesse toda a atmosfera que o cãozinho traz com ele: todo o amor, o trabalho que eles dão, a bagunça que fazem, a companhia constante e toda a responsabilidade também.
Para registrar esse encantamento, a fotógrafa Priscila, que é amiga de Ana, ofereceu seus serviços, já que queria montar portfólio.
– Eu faria um álbum deles! Amo tirar fotos deles, e tenho que me policiar para não postá-las o tempo todo nas redes sociais. Acho muito gostoso olhar as fotos quando estamos longe! Lembrar dos detalhes deles, e até descobrir alguns detalhes que nem havíamos percebido… – conta Ana.