No livro Só As Mães São Felizes, Lucinha Araújo, mãe de Cazuza, descreve o que sentiu no dia da morte do filho. A vontade era voltar no tempo e colocá-lo de volta dentro do próprio útero.
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– Não há dor maior – sintetiza.
Passados 21 anos da morte do músico, Lucinha, 74 anos, garante que a dor não foi embora. Só mudou:
– Quando ele morreu, parecia que meu coração tinha sido arrancado. Minha alma, amputada. É como se tivesse ficado aleijada para toda a vida. De fato, tenho marcapasso no coração e pontes de safena. Hoje tenho meus momentos de felicidade. Mas lembro do meu filho diariamente. Sonho com ele. Sinto muita saudade e tenho certeza que se há vida depois da morte, meu filho está lá me esperando – disse Lucinha, por telefone, à reportagem do Donna.
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Há 500 mil anos, na Pré-História, mães já eram incondicionalmente entregues aos seus filhos. Enquanto os homens saíam para caçar, elas ficavam nas cavernas cuidando da prole. Ao analisar os primórdios da história em A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado, Friedrich Engels sentencia que a maternidade é quase que uma derrota histórica quanto ao papel da mulher na sociedade. Ao priorizar os filhos, a mulher deixou ao homem o papel de desbravador nos campos da ciência, da política e social.
Viajando até o tempo atual, mães são novamente protagonistas e, agora, por necessidade, desafiam a lógica de Engels. De acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) divulgados em 2010, entre 2001 e 2009, o percentual de famílias brasileiras chefiadas por mulheres subiu de 27% para 35%. Em termos absolutos, são quase 22 milhões de mulheres comandando a casa.
– A mãe é o fator integrador da família. Se o pai morrer, ausentar-se ou abandonar a família, a mãe assume o comando. Na maioria das vezes, o contrário não acontece – afirma Clair Castilho, autora de textos sobre feminismo e co-fundadora do mais antigo grupo feminista de Santa Catarina, Casa da Mulher Catarina.
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Não à toa, a presidente Dilma Rousseff concentrou no nome das mães o cadastro dos programas de erradicação da miséria. No Dia Internacional da Mulher, ao falar no Café com o Presidente, Dilma destacou que o sucesso do Bolsa Família está diretamente ligado à adesão de mães:
– O Bolsa Família foi criado para reduzir a pobreza. E está reduzindo. Mas sem a participação ativa das mães, isso não estaria acontecendo. Dos quase 13 milhões de benefícios que distribuímos, 93% são de responsabilidade das mães de família.
Se no início deste texto Lucinha conseguiu descrever parte do sentimento de ser mãe, defini-lo é improvável:
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– Não tem comparação com qualquer outro tipo de amor. É indefinível.
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MÃES NO CINEMA
Confira lista de filmes em que mães são protagonistas
Um Sonho Possível (2010), de John Lee Hancock. Baseado numa história real, o longa narra a trajetória do jogador de futebol americano Michael Oher, que ganhou uma família após ser acolhido por Leigh Anne (Sandra Bullock)
Salve Geral (2009), de Sérgio Rezende. No Dia das Mães, a cidade de São Paulo está sitiada e Lúcia (Andréa Beltrão) luta desesperadamente para salvar a vida do seu filho.
A Troca (2008), de Clint Eastwood. Angelina Jolie vive uma mãe que luta para recuperar o filho desaparecido. Ela chega a ser internada como louca, mas além de encontrar o seu filho, consegue condenar o seu assassino.
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Tudo sobre minha mãe (1999), de Pedro Almodóvar. Após a morte do filho, mãe vai ao encontro do pai, que vive em Barcelona, para dar a notícia da morte do filho, quando encontra no caminho o travesti Agrado (Antonia San Juan), a freira Rosa (Penélope Cruz) e a própria Huma Rojo.
Flordelis – Basta uma Palavra para Mudar (2009), de Marco Antonio Ferraz e Anderson Corrêa. História verídica de uma mulher que se tornou mãe de 40 crianças
O Maior Amor do Mundo (2006), de Cacá Diegues. Após saber que sofre de uma doença fatal, um famoso astrofísico toma conhecimento da história de amor de seus pais biológicos.
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