Eles estão por todos os lados, com a camisa da seleção de seu país, uma bandeira ou roupas que remetam às cores da pátria. São os mais alegres e assediados pelos russos e pelos turistas europeus, ávidos por uma foto com esse povo vibrante e caloroso. Assim é a rotina dos latino-americanos que cruzaram o planeta para se encontrarem na Copa do Mundo. Mas se apenas Brasil, Argentina e Uruguai já foram campeões, o que explica esse envolvimento tão grande das pessoas de outras nações do continente, que raramente veem suas equipes tendo sucesso em competições importantes?
Continua depois da publicidade
Das 32 seleções que iniciaram a disputa do Mundial, apenas oito são da América Latina – número que contrasta com os 14 europeus. Mas entre povos estrangeiros que mais compraram ingressos para assistir aos jogos, brasileiros, colombianos, mexicanos, argentinos e peruanos vencem de goleada. De acordo com dados da Fifa, seis países da América estão no top 10 de quem mais adquiriu bilhetes, contra apenas dois do Velho Mundo.
Mas cruzar o Oceano Atlântico não é barato, foi necessário se preparar financeiramente. E mesmo com um planejamento antecipado, a previsão inicial para um brasileiro seria investir entre R$ 30 mil e R$ 45 mil – valor que varia de acordo com o número de jogos que se pretende assistir e das escolhas de acomodação em solo russo. Então, para um “latino-americano, sem dinheiro no banco”, como diria Belchior, só mesmo o amor pelo esporte justifica o sacrifício.
– Tem bastante gente, a América Latina veio em peso. Europeu você vê, mas não é tanto. Estamos longe, para a gente é caro, a distância é um empecilho. Ou tem muita gente com dinheiro, ou muita gente que ama o futebol – reflete o paulista Charles Ahlert, de 36 anos, que está em Moscou.
O mexicano Daniel Blanco, de 23 anos, guardou dinheiro por três anos para chegar ao Mundial. Ele esteve no Brasil, em 2014, e também planeja ir ao Catar em 2022. O torcedor se prepara para assistir ao grande duelo de sua seleção contra o Brasil – às 11h de segunda-feira, pelas oitavas de final. Independentemente do que aconteça, está preparado para continuar no país.
Continua depois da publicidade
– Mesmo se o México cair, eu vou ficar até a final. O clima aqui é incrível, o povo gosta muito dos latinos: mexicanos, brasileiros. A nossa cultura é muito apreciada por aqui – diz, orgulhoso.
No entanto, a Rússia vai perder parte deste calor humano a partir deste fim de semana. Com o término da primeira fase de jogos, muitos torcedores vão embora. Mesmo com suas seleções ainda na disputa, o planejamento foi para acompanhar apenas a fase de grupos. É o caso do colombiano Edgar Maldonado, de 30 anos, que deixará a Europa com a sensação de dever cumprido.
– A festa dos rapazes foi maravilhosa: os mexicanos, os brasileiros, os argentinos, os colombianos. Não tenho dinheiro para ficar até o final, mas já me diverti bastante. Já não posso cantar mais, pois minha garganta está cansada pelo tanto que torci – conta, com o sorriso no rosto de quem soube aproveitar a festa do futebol.