O duelo entre Argel Fucks e Paulo Roberto Falcão, ontem, no Orlando Scarpelli, pela sexta rodada do Brasileiro, era uma atração à parte. Ambos trabalharam juntos há quase 20 anos no Inter.

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Argel como jogador e Falcão como treinador. O resultado desse encontro foi 1 a 1, um verdadeiro empate técnico. Julio Cesar abriu o placar para o Figueirense, aos sete minutos do segundo tempo, e Vander deixou tudo igual aos 33. O Diário Catarinense acompanhou atentamente o confronto e traz a avaliação dos erros e acertos de cada um.

Onde Argel acertou

– Ao promover a entrada do meia Botti no lugar de Caio no intervalo. O rendimento da equipe melhorou bastante. Mais ligado, Botti deu outra dinâmica ao time. Foi dele a primeira conclusão perigosa na etapa final, aos dois minutos, quando Ygor levantou a bola na área e Botti, de cabeça, obrigou Marcelo Lomba a fazer difícil defesa. Depois, aos sete, com Julio Cesar mais adiantado, na função que ele sabe fazer com maestria, abriu o placar. O trio Julio Cesar, Aloisio e Botti estava inspirado. Aos 17, Julio fez o papel de armador, deixou Aloisio na cara do gol e, por muito pouco, a Alvinegro não ampliou a vantagem.

– A mudança do esquema tático durante a partida. Se a postura com três meias e três atacantes deu muito certo contra o Cruzeiro, fora de casa, diante do Bahia, um time que jogou fechado boa parte do jogo, a história foi diferente. A equipe visitante conseguiu diminuir os espaços no primeiro tempo, anulou as jogadas de velocidade do Figueira e segurou os avanços dos laterais Pablo e Marquinhos. Argel percebeu isso e de forma inteligente povoou o meio-de-campo e posicionou melhor os atacantes.

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Onde Falcão acertou

– No posicionamento da equipe na primeira etapa. O veterano Mancini, sem o condicionamento ideal, foi fixado no lado esquerdo, em cima do instável Pablo, que não conseguia levar vantagem na maioria dos lances. Pelo lado direito, Falcão adiantou o meia Jones Carioca e explorou a inexperiência do lateral Marquinhos, que fazia a sua estreia pelo Figueirense. Foi justamente pelo lado direito de ataque que o Bahia construiu as melhores jogadas. Jones Carioca deitou e rolou por este setor. Tivesse um pouquinho mais de tranquilidade na conclusão das jogadas e o resultado teria sido outro.

– Na postura tática da equipe na etapa final e nas alterações. Quando tirou o lateral-esquerdo Ávine para a entrada do volante Hélder e o atacante Júnior para a entrada do meia Valber, imaginava-se que o time jogaria mais fechado, evitaria levar mais gols e buscaria o contra-ataque. Foi mais ou menos isso que ocorreu, mas com um diferencial: o time do Bahia passou a ter mais posse de bola e foi mais efetivo nas conclusões. Prova disso foi o gol de empate que saiu dos pés de Valber, aos 33 minutos da etapa final.

Onde Argel errou

– Ao deixar o lateral esquerdo Marquinhos desprotegido na defesa. Foi por este setor que o Bahia construiu as suas melhores chances na primeira etapa. Deixar Almir sozinho na armação das jogadas também foi um erro do treinador. Tanto que ao perceber essa carência gritante, Argel recuou Julio Cesar para melhorar a produção ofensiva. O problema é que aí ele deixou o ataque vulnerável. Aloisio, no meio de dois zagueiros, tinha muita dificuldade para concluir as jogadas.

– Acreditar que a vitória estava encaminhada e sacar do time o atacante Aloisio, aos 33 minutos do segundo tempo. A proposta até foi interessante, pois Argel queria ter mais posse de bola e chegar à frente com qualidade para ampliar a vantagem. O problema é que no mesmo minuto em que fez a alteração, Argel viu a equipe sofrer o gol de empate. Sem Aloisio e com Julio Cesar bem marcado, o time não encontrou facilidades e sentiu o golpe do adversário.

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Onde Falcão errou

– Demorou para perceber que o Figueirense tinha voltado para a etapa final muito mais ofensivo e contundente. Deixou o jogo rolar, acreditando que as coisas se ajeitariam, e não pôs nenhum jogador em cima do atacante Julio Cesar. Viu o camisa 11 alvinegro abrir o placar aos sete minutos, após cobrança de escanteio, e quase abrir 2 a 0 em um contra-ataque puxado por ele.

– A manutenção de Mancini na equipe. Visivelmente fora de forma, o meia do Bahia não conseguiu criar as jogadas ofensivas, tampouco finalizar com qualidade as que apareceram para ele. Como consequência, sobrecarregou o setor e deixou os marcadores em situação vulnerável. Outro erro foi tirar Jones Carioca para a entrada de Lulinha. Jones era o atleta mais perigoso da equipe baiana naquele momento do jogo.