Sábado não teve almoço em família para o casal Theiss. A esposa Thaís partiu antes para o encontro na casa da mãe. O marido, o administrador e professor universitário Felix Christiano Theiss Júnior, 54 anos, pediu uns minutos a mais para um banho e prometeu ir em seguida. Não chegou. Não atendeu aos telefonemas. Foi encontrado pela esposa caído no banheiro de casa. Júnior, que convivera sem complicações com a diabetes diagnosticada logo aos 3 anos, foi vencido pelo coração. Um ataque cardíaco. Fulminante como a dor da perda que assola a família.
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Da primeira cadeira à esquerda do Memorial Frei Edgar, no Cemitério São José, local do velório e sepultamento ocorridos ontem, o pai Felix Theiss, ex-prefeito de Blumenau, intercalava os pêsames de amigos com rompantes de choro. Encarava o nada. Zelava pelo filho como ele e a mãe Murita faziam nas noites de infância, mas agora pela última vez.
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No memorial lotado, amigos e familiares exaltavam diferentes virtudes de Júnior. Honestidade, otimismo, pontualidade, respeito aos inúmeros alunos ensinados por ele na Furb. Muitos predicados, assim como a aparência física, confundem-se com os traços do próprio pai, baluarte moral de Júnior e dos três irmãos, Cláudia, André e Raquel.
Mortes repentinas e inesperadas são as mais difíceis de aceitar. E Júnior partiu rápido, como eram as suas voltas nos kartódromos de Indaial e Ascurra aos sábados pela manhã, naquilo que era o grande hobby. Fora das pistas, um dos troféus que mais lhe dava orgulho era a família: a esposa Thaís e os filhos Bruno, 20 anos, e Enzo, 5.
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O sorriso sempre oferecido a todos brilhava mais ao falar do filho mais velho, o pianista. Homem dos números e das Ciências Exatas, Júnior ficou empolgado quando ele foi estudar Música em Curitiba, em 2013. Apoio demonstrado em gestos como ir e voltar de São Paulo no mesmo dia para prestigiar um recital.
– Meu pai era um incentivador incansável, um exemplo – resume o filho, que guarda na memória o astral positivo do último encontro com o pai, no aniversário dele, dia 31.
Foram as notas de Bruno ao piano que serviram de trilha sonora para fotos do pai exibidas na cerimônia fúnebre, desencadeando uma sinfonia de choro e saudade entre os presentes. Ao som de Tristesse – de tradução e explicação dispensáveis – a mais bela melodia de Chopin, a família recordou os sorrisos de Júnior antes de se despedir. Na mente, a certeza de que tão eterna quanto a obra do pianista polonês é para a música serão as lembranças e o legado do pai para aqueles que o conheceram.