Centenas de pessoas se reuniram no início da noite deste sábado na área central da Guarda do Embaú, em Palhoça, para pedir justiça contra o assassinato do surfista Ricardo dos Santos, o Ricardinho, que morreu após ser atingido por dois tiros disparados por um policial militar de férias.

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A manifestação, chamada de “Mais amor, justiça e paz – Ricardo dos Santos” foi um misto de lembrança e luta contra a impunidade. Motivada pelo desejo de paz, a comunidade compareceu ao local vestida de branco. Ao redor de placas em homenagem ao surfista, as pessoas fizeram silêncio para ouvir palavras de quem convivia com o atleta, nativo da Guarda.

Às 18h, quando o ato começou, o sol ainda estava quente e a água do mar, tranquila. Nos rostos, expressões calmas porém inquietas, de quem consente e tenta aceitar o ocorrido.

– A vida segue – disse um representante da comunidade dando início ao manifesto.

Ergueram-se pinturas azuladas com o rosto de Ricardinho e faixas com os dizeres “Força, equilíbrio e amor”, “Queremos justiça!” e “Nosso Heroi!”. A comunidade bateu palmas ritmadas e o som tomou conta do ambiente.

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A namorada de Ricardinho, Karolina Esser, foi a primeira a se pronunciar. Lembrou do surfista como um “cara que nasceu e cresceu abençoado”. E leu um texto escrito por ele em que alertava para a degradação da Guarda do Embaú. Ao final, emocionada, reforçou o motivo da manifestação:

– Não abriremos mão de lutar pela justiça dos homens.

Mãe (de óculos escuros no centro da foto) e irmão de Ricardinho (de boné virado para trás) também participaram da homenagem

Os discursos prosseguiram relembrando características de Ricardinho e momentos vividos com o surfista. Na voz dos familiares, ele se reafirmava como exemplo de generosidade e determinação.

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– O Ricardo vai continuar vivo no coração de cada um – disse seu padrinho, Ari Goes.

A emoção foi mais forte quando uma mensagem de voz de Ricardinho, enviada por celular a um amigo dias antes do incidente, foi reproduzida nas caixas de som. A voz do surfista espalhou-se pelo centro tornando-o presente mais uma vez entre a comunidade. Alegre, Ricardo agradecia a todos que garantiram a sua vaga no competição de tubos, Capítulo Perfeito, em Portugal, da qual não chegou a participar.

Após os discursos, por volta das 19h, ecoou-se o grito de “Justiça!” ritmado pelas palmas. As pessoas aproximaram-se dos cartazes de homenagem e cada um tomou um ramo de flor. O grupo caminhou até o Rio da Madre. Juntos, rezaram um Pai-Nosso e atiraram as flores ao mar. Finalizaram a manifestação com mais abraços, palmas, assobios e gritos de “Ri-car-dinhooo”.

Tio do surfista, Vilson Pereira considerou a homenagem pequena perto do que era o sobrinho:

– Ele merecia muito mais. Tudo o que ele conquistou foi por mérito dele – disse e reforçou que a manifestação – pacífica – vinha contra o combate da violência pela violência.

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Morador da Guarda do Embaú, esteve presente também o modelo e ator Paulo Zulu. Ele lembrou de Ricardo como uma pessoa que, apesar da fama, manteve a sua essência. Manifestou, ainda sua indignalção contra a impunidade:

– Isso que está sendo feito aqui é bom, mas vai adiantar? O que aconteceu com os outros Ricardinhos? – questionou.

O político e jornalista Fernando Gabeira também esteve na manifestação gravando imagens em vídeo e representando sua filha, a surfista de grandes ondas Maya Gabeira. Ontem, Maya convidou postou uma mensagem nas redes sociais convidando para a manifestação.

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Assista à homenagem feita na quarta-feira: