Uma vida inteira interrompida em questão de segundos e no portão de casa. Foi essa a dura realidade que bateu à porta do então comerciante Nilandres Lodi, de 37 anos, no dia 1º de janeiro deste ano. Ele e sua mulher, Cristiane Flores, 31, foram atropelados no bairro Ingleses, em Florianópolis, por um Camaro. Ela não resistiu. Ele perdeu as duas pernas, teve um grave ferimento no braço e um machucado no olho, que até hoje o impede de enxergar direito. O ex-comerciante ainda não conseguiu retomar sua vida totalmente. Mas se depender de um grupo de amigos, tudo o que estiver ao alcance será feito para guiar Nilandres a um novo caminho.
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A tragédia ganhou grande repercussão. Nilandres mora agora com os pais em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, precisa sustentar um filho com necessidades especiais, e ainda não consegue trabalhar. Até agora, não ganhou qualquer tipo de recurso, como indenização, que pudesse ajudar a pagar seus tratamentos de saúde. Na época, ele e a mulher planejavam voltar a morar em Passo Fundo, então já haviam fechado as contas do comércio que possuíam em Floripa. Nem direito aos benefícios do INSS Nilandres teve. Nem DPVAT. “Nada”, como ele resume.
— Diante de tudo, eu voltei para Passo Fundo. Só meus pais poderiam cuidar de mim e do meu filho. Meu irmão é que faz tudo para mim, me leva para lá e para cá, vai no médico comigo — relata Nilandres.
E mesmo assim, a tristeza profunda, no entanto, dá lugar a um imenso sentimento de gratidão. Um grupo de amigos do ex-comerciante, que moram em Florianópolis, criou alternativas para arrecadar dinheiro suficiente para ajudar Nilandres a comprar duas próteses para ele voltar a andar, trabalhar, ter autonomia, e cuidar de seu filho de seis anos.
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O pequeno teve um AVC quando ainda estava no útero de Cristiane, e nasceu precisando de cuidados delicados. Ele precisa fazer tratamento para andar e também tem frequentes convulsões, que aumentaram com a morte da mãe, contou o pai. Nilandres ainda tem uma enteada, filha de Cristiane, que hoje mora com os avós dela, também em Passo Fundo.
— Como as minhas pernas foram amputadas em cima do joelho, as próteses que preciso são mais delicadas, diferentes. Já andamos pesquisando, e vimos modelos nos valores entre R$ 42 mil e R$ 46 mil — disse o ex-comerciante.
Ainda nesta semana, os amigos criaram uma vaquinha virtual para ajudar o “Preto”, como eles chamam Nilandres, a conquistar este seu novo sonho. A vaquinha pretende arrecadar R$ 40 mil até 21 de agosto deste ano. Por enquanto, até a tarde desta sexta-feira, foram arrecadados somente R$ 920. Para ajudar, é só entrar em clic.sc/vaquinhanilandres e depositar a quantia que quiser. O sistema Vakinha Virtual é seguro e usado na maioria das arrecadações online.
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Mais apoio
Além da vaquinha na internet, os amigos já realizaram um bingo em abril para ajudar Nilandres a sustentar sua família. Uma rifa também está sendo vendida, e uma televisão de 42 polegadas será sorteada.
Segundo a amiga Géssica Machado Pertile, de 19 anos, o dinheiro arrecadado será usado para comprar a TV e o restante será doado inteiramente à Nilandres. Cada número custa R$ 5.
A rifa está sendo vendida por amigos e também no Mercado Joaquim, na Rodovia João Gualberto Soares, 1422, Ingleses.
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Já os amigos Max William e Aparecida Belinha estão realizando uma competição de som automotivo e carros rebaixados em Rancho Queimado, na Grande Florianópolis, e parte do que for arrecadado será enviado para Nilandres, para ajudar na compra das próteses. O evento deve ocorrer em 9 de julho, no CTG Laço Velho da Saudade. Mais informações no (48) 98406-8194.
Decepção com a justiça

Nilandres hoje lembra-se de detalhes daquela noite de Réveillon. Disse que estava reunido com amigos em sua casa, e que na hora da virada, foram todos à praia. O filho dormiu, e ele e Cristiane resolveram voltar para rua. Na volta, quando já estavam no estacionamento de sua casa, o Camaro os atingiu, junto do amigo Gean Matos. O motorista do veículo, Jeferson Bueno, de 29 anos, fugiu do local sem prestar socorro.
Em Passo Fundo, ele acompanha o seu caso na Justiça com decepção. Confessa que as esperanças estão cada vez mais escassas. O motorista do Camaro está solto. A prisão preventiva foi substituída pelo pagamento de uma fiança de R$ 70 mil. A defesa tentou reverter esta fiança em indenização aos dois feridos, mas o pedido não foi acatado pela Justiça.
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— O que mais me ajuda é essa força que vem dos amigos e da minha família. Eu não sei descrever o apoio deles. Meus amigos são minha família — diz Nilandres, emocionado.