A crise financeira não conseguiu frear o consumismo dos americanos, que gastaram no primeiro dia de liquidação depois do Dia de Ação de Graças, a chamada “sexta-feira negra”, US$ 10,6 bilhões, um aumento de 3% em relação ao mesmo período do ano passado. A indústria no varejo esperava com ansiedade os primeiros números provisórios, divulgados hoje pela empresa Shoppertrak RCT, devido ao temor de que a crise afetasse negativamente as vendas.

Continua depois da publicidade

O co-fundador da empresa de pesquisa, Bill Martin, disse que o primeiro dia de liquidação foi positivo, considerando as turbulências econômicas, a tradicional fraqueza no consumo em um ano eleitoral e os preços recordes da gasolina no verão (hemisfério norte).

– Sob estas circunstâncias, o início da temporada (de liquidação) é verdadeiramente assombroso e demonstra a resistência do consumidor americano (perante a crise) e sua vontade de gastar – explicou Martin em comunicado.

O analista atribuiu o aumento nas vendas aos fortes descontos aplicados pelas lojas aos produtos. Os números indicam uma alta bastante igualitária em todo o território americano, com crescimentos de 3,4% no sul, de 3% na região central, de 2,7% no oeste e de 2,6% no nordeste.

Apesar dos percentuais animadores, Martin advertiu de que não há garantias de que as lojas continuem aplicando descontos substanciais aos produtos depois do fim de semana da “sexta-feira negra”, o que poderia reduzir a despesa dos consumidores.

Continua depois da publicidade

A “sexta-feira negra” acontece após o Dia de Ação de Graças e se chama assim porque as contas do ano das lojas costumam passar do vermelho ao azul. Os primeiros números são positivos, mas a temporada é longa e algumas empresas prevêem quedas nas vendas pela crise. O analista Marshal Cohen, do NPD Group, calcula que as vendas totais diminuirão 3%, no que é sua primeira previsão negativa desde que avalia as liquidações nos Estados Unidos.

A presidente do America’s Research Group, Britt Beemer, acredita que as vendas cairão 1% em novembro e dezembro. A Federação Nacional de Comércio no varejo (NRF, na sigla em inglês) fornece números mais positivos, com um aumento previsto nas vendas de 2,2%, mas o percentual seria o pior em seis anos. A precaução também invadiu as lojas, que, como a J.C. Penny, preferem esperar alguns dias antes de publicar os números de vendas da “sexta-feira negra”.