Em entrevista para a revista americana Time publicada nesta quarta-feira (31), o presidente do Chile, Gabriel Boric, afirmou que a “América Latina tem que reagir em conjunto para impedir” caso Jair Bolsonaro tente dar um golpe. Ele respondia à uma pergunta sobre a possibilidade de o presidente brasileiro não aceitar os resultados das eleições.
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— Foi muito emocionante ver a carta de São Paulo, que leva um milhão de assinaturas em favor da democracia, com a transversalidade dos signatários. Foi um sinal potente da sociedade brasileira — disse ele na entrevista, em referência ao manifesto lido no Largo São Francisco, sede da Faculdade de Direito da USP.
Nos últimos dias, Boric virou alvo de Bolsonaro: no debate entre os candidatos à presidência de domingo (28), o presidente brasileiro acusou seu par chileno de “queimar metrôs” em protestos. Na mesma ocasião, Bolsonaro atacou outros líderes de esquerda da América Latina para defender sua reeleição -vitórias eleitorais recentes desse campo aumentaram o isolamento regional do brasileiro.
A menção a Boric irritou a diplomacia chilena.
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— Consideramos essas acusações gravíssimas. Obviamente são absolutamente falsas, e lamentamos que em um contexto eleitoral as relações bilaterais sejam aproveitadas e polarizadas por meio da desinformação e das notícias falsas — disse a ministra das Relações Exteriores, Antonia Urrejola, na segunda (29).
Com origem na política estudantil, Boric participou dos protestos de 2011 pela gratuidade do sistema de ensino superior e foi eleito deputado pela primeira vez em 2014. Em outra onda de protestos, em 2019 – na qual o transporte público da capital chilena foi vandalizado, como citado por Bolsonaro -, o atual presidente do Chile não foi parte do movimento.
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Ele, porém, apoiou as reivindicações dos manifestantes e foi um dos líderes responsáveis pelo acordo que abriu as portas para o plebiscito da Constituinte.
Após a fala de Bolsonaro, o Chile convocou para consultas o embaixador do Brasil em Santiago, Paulo Roberto Soares Pacheco. A chancelaria chilena também destacou que Boric já manifestou publicamente ter diferenças com seu homólogo, mas defendeu a importância da manutenção das boas relações entre os países.
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