A América Latina sentirá a desaceleração da economia mundial, e o Produto Interno Bruto (PIB) da região crescerá 2,1% este ano, menos da metade que em 2008, assegurou nesta quinta-feira a agência de qualificação de risco Standard & Poor’s.

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“Apesar de estar na melhor posição de sua história para enfrentar uma desaceleração econômica mundial, a América Latina não conseguirá se isolar do atual entorno”, afirmou a empresa em comunicado.

A agência destacou que a profunda recessão nos países industrializados, os problemas nos mercados de capital e a queda dos preços das matérias-primas “se conjugarão para reduzir o crescimento em toda a região”.

A S&P calcula que o crescimento médio ponderado do PIB na América Latina será menos da metade do que alcançou em 2008, quando o avanço foi de 4,8%, segundo dados da firma, e ficará em 2,1% neste ano.

Há um mês, a Moody’s estimou em 2,8% sua previsão de crescimento para a região e, em novembro, o Fundo Monetário Internacional (FMI) rebaixou seus cálculos para 2,5%, o mesmo percentual previsto pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).

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– Não esperamos políticas fiscais e monetárias que consigam resistir de forma significativa ao efeito negativo sobre o crescimento derivado de um cenário global em deterioração – afirmou a analista da Standard & Poor’s Lisa Schineller.

Para ela, “os governos da América Latina, em geral, não conseguem implementar políticas fiscais anticíclicas agressivas para combater as baixas dos ciclos econômicos”.

Schineller explicou que os níveis de dívida comparativamente altos e as trajetórias mais curtas de estabilidade econômica nos países da América Latina em relação a outros mercados emergentes deixam pouca margem de manobra para as políticas.

– Apesar das medidas para liberar liquidez e da perspectiva de cortes das taxas de juros por parte dos bancos centrais, esperamos que o financiamento bancário diminua dramaticamente em 2009 – acrescentou.

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A agência de qualificação informou que os mercados de créditos e de capital locais não poderão apoiar o crescimento e melhorar os padrões de vida, como fizeram nos últimos cinco anos.

– A América Latina enfrenta o cenário global mais desafiante em décadas – afirmou Schineller.

– Como resultado, 2009 testará a resistência das melhoras econômicas observadas na região e o compromisso das políticas de seus governos justamente quando começa uma série de eleições presidenciais que se prolongará durante os próximos dois anos – acrescentou.

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