Em Criciúma, um detento do Presídio Santa Augusta escreveu uma carta ao Primeiro Grupo Catarinense (PGC) pedindo proteção. O crime pelo qual ele paga fere a “ética” dos criminosos e, por isso, ele estaria sendo ameaçado.

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A carta foi encontrada na cela de Lucas Torres, 33 anos, durante um procedimento de revista, no último dia 26. Nas quatro páginas escritas, Torres envia “saudações criminosas” aos “manos do convívio”. Essas expressões, por sinal, foram determinantes para identificar que se trata de uma carta ao PGC.

– Os membros dessa facção têm um linguajar muito próprio. Essas são algumas dessas expressões que identificamos. Não há dúvida de que a carta era para alguém do PGC – explicou a juíza titular da 2ª Vara Criminal, Débora Driwin Rieger Zanini, que analisa o caso da prisão de Torres.

Segundo a juíza, esta carta comprova a existência dessa facção e a força que ela tem entre os presos.

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– A atitude dele foi desesperada ao pedir ajuda, mas a gente percebe também uma ousadia na intenção de participar da facção – disse Débora.

Em um dos trechos da carta, Torres diz que queria muito ter a oportunidade de respirar o mesmo ar que os membros do PGC.

A defesa de Torres tentou alegar insanidade, e um exame foi solicitado para que isso fosse comprovado. Porém, diante da carta elaborada pelo detento, a juíza entendeu que ele é ciente dos seus atos. Qualquer outra decisão somente com recurso por parte do preso.

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Torres permanece no presídio ocupando uma cela na galeria E. Ele foi preso por matar Iva Justino Marcolino, 71 anos, em setembro. Além de ser idosa, a vítima – dona de uma floricultura – ajudava Torres, que morava na rua. Por isso a indignação, inclusive, dos criminosos.

Na carta, Torres conta o que o levou a matar a senhora que o ajudava: “Ela tinha um cofre cheio de joias e dinheiro dentro da casa. Daí o tempo foi passando e ela continuava me ajudando. Daí quando eu achei que era o momento certo eu enquadrei ela. Daí ela reagiu e eu tive que matar ela”.