A drástica redução do número de vagas para o comércio ambulante durante a temporada de verão em Florianópolis não caiu bem entre os trabalhadores do setor. Se na temporada passada foram 2.355 vagas, neste ano serão apenas 1.146 — uma queda de 51,3%. Preocupados com a falta de trabalho, a Associação dos Vendedores Ambulantes de Florianópolis prepara um protesto em frente à Câmara de Vereadores, nesta terça-feira, 6, às 13h30.
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De acordo com José Barbosa, um dos fundadores da associação, o edital divulgado pela prefeitura surpreendeu pela diminuição de 1.209 vagas em relação à temporada passada. Segundo ele, a medida afeta não só os ambulantes, mas também os empresários que fornecem os produtos para a venda nas praias.
— Foi uma queda absurda, inexplicável. Houve uma redução geral em todos os tipos de venda, mas a de artigos de praia foi a mais afetada. No verão passado eram 997 vagas disponíveis, agora são apenas 31 vagas. Já temos mais de 700 inscritos para essas 31 vagas. O mais grave é que não só o trabalhador sai prejudicado, mas também os empresários que investiram e fornecem os artigos para os ambulantes — afirma José Barbosa.
No momento em que o país vive uma das piores crises de geração de emprego, com mais de 12 milhões de pessoas sem trabalho, a redução de vagas para o comércio ambulante é vista como um golpe em que precisa ralar para conseguir colocar comida na mesa de casa.
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— Os ambulantes só querem trabalhar. O trabalhador tem que defender o pão da família, não queremos fazer de maneira ilegal e entrar em conflito com os fiscais, que também vão estar fazendo seu trabalho. Vão deixar o pessoal na ilegalidade ou vamos fazer do jeito certo, inclusive com pagamento dos alvarás? Quanto vão deixar de arrecadar? Não estamos entendendo essa matemática — questiona José Barbosa.
O superintendente de Serviços Públicos da Prefeitura de Florianópolis, João da Luz, afirma que a medida foi necessária para evitar confusões na praia. Se no ano passado eram 997 vagas para vendedores ambulantes de artigos de praia, esse ano serão apenas 31 em tendas fixas. A venda de milho cozido também foi restrita às tendas fixas e a comercialização de choripan foi proibida.
— Na temporada passada havia muito ambulante nas praias, a gente não conseguia fiscalizar, os turistas não conseguiam caminhar e (os salva-vidas) não conseguiam ver o mar. Retiramos o que consideramos perigoso ou aquilo que não teria como fazer fiscalização — comenta João da Luz.
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Nesta temporada serão 75 fiscais atuando nas praias, com apoio da Guarda Municipal e da Polícia Militar de Santa Catarina. De acordo com o superintendente de Serviços Públicos, o principal foco de atuação será contra o comércio de artigos de praias feito nos “cambões”.
— Entendemos o momento de crise (de emprego), mas estamos colocando outro modelo de trabalho. A gente precisa pensar nos lojistas que ficam acima da linha de praia e passam o ano inteiro pagando impostos — afirma João da Luz.
No meio da tarde, a Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (ACIF), a Câmara de Dirigentes Lojistas da Capital (CDL) e a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em SC (Abrasel) enviaram uma nota conjunta à reportagem, expressando apoio à iniciativa da prefeitura e afirmando que os ambulantes “prejudicam diretamente os comerciantes estabelecidos nos balneários, que pagam tributos e geram empregos”.
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