De um lado, cobranças. Do outro, satisfações. Assim se definiram os papéis no encontro entre a Amae, agência reguladora do serviço de abastecimento de água, e a Companhia Águas de Joinville nesta quarta-feira, numa reunião que teve como pano de fundo os problemas recentes da falta de água na cidade.
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Além de pontuar preocupação em relação às demandas mais urgentes, como as dificuldades de abastecimento na região do Jardim Paraíso e na zona Sul da cidade, a Amae cobrou providências para que a situação não se repita no ano que vem – a dicussão ocorre no momento em que a Amae ainda analisa o plano de investimentos da Águas de Joinville para os próximos quatro anos.
A previsão de construção de uma nova estação de tratamento de água (ETA Piraí Sul, com projeto executivo previsto para começar em 2015) e a nova adutora do Piraí (prevista para funcionar em março) não bastam para garantir o fim dos problemas na zona Sul, diz o diretor-presidente da Amae, Renato Monteiro.
À reportagem, Monteiro apontou a necessidade de se modernizar e impor manobras no sistema atual, alterando inclusive a forma de distribuição.
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-Colocamos nossas preocupações não só em relação a este momento, mas em relação ao futuro. Se algumas providências não forem tomadas, no verão do ano que vem, com uma população ainda maior, teremos um problema mais grave – alerta.
A postura da Águas de Joinville também foi alvo de cobranças em relação ao andamento de obras. Imprevistos, nas palavras de Monteiro, precisam ser “enfrentados de maneira mais incisiva”. Quedas de energia, exemplifica, poderiam ser contornadas com geradores para que o abastecimento não fique refém.
Outro tópico trazido à tona pela agência reguladora diz respeito às perdas. Segundo a Amae, o desperdício do que é produzido gira em torno de 47%, principalmente por vazamentos.
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-Reduzir perdas é uma ação que se pode fazer em um prazo menor. Substituindo redes, atacando vazamentos que não se detectam – pontua.
A curto prazo, o que pode significar uma boa notícia para parte dos consumidores prejudicados é a possibilidade de redução na tarifa de quem consumiu menos do que 10 m³ de água durante o período sem abastecimento. Trata-se de uma taxa mínima. A Amae entende que, quem não alcançou esse patamar de consumo por ter ficado sem água, não deve pagar por algo que não recebeu.
Só que a forma de isenção ainda é estudada e depende de aprovação do Conselho Municipal dos Serviços de Água e Esgoto.
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Águas de Joinville garante melhorias em curto prazo
A nova adutora do Piraí não resolverá, por si só, o problema do abastecimento na zona Sul de Joinville, reconhece o gerente de água da Águas de Joinviller, Cristian dos Santos. Mas, segundo ele, a distribuição será mais eficiente na região porque os bairros Profipo, Santa Catarina, Itinga e Boehmerwald deixarão de ser abastecidos pelas águas do Cubatão.
Com a demanda dividida, aponta Cristian, a distribuição também deve melhorar em bairros como Itaum, Paranaguamirim, Fátima, Ulysses Guimarães e parte do Floresta. Segundo o gerente, uma característica da região Sul são as grandes variações de pressão na rede (o que dá margem a vazamentos). A tese é de que, com as mudanças, a distribuição ficará menos vulnerável.
Mas a ação de maior impacto, conforme a companhia, será a ETA Piraí Sul, ainda em fase de projeto, com capacidade estimada para 750 litros por segundo. A Águas de Joinville ainda defende que ações de melhoria são diárias: pesquisas de vazamentos não visíveis e ligações clandestinas, redução de pressão com instalações de válvulas redutoras, instalações de medidores de vazão (para identificar perdas), análise de hidrômetros e setorização.
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Sobre os geradores de energia, a posição é de que já houve um estudo sobre o uso do recurso e aquele mesmo estudo está sendo refeito. Conforme Cristian, a viabilidade econômica e a segurança da instalação do equipamento ainda são verificadas.
-Não se sabe se o usaríamos por 24 horas ou só por períodos. Precisamos saber como será esse comportamento – explica.
Quanto à possibilidade de compensação para quem não alcançou a taxa mínima de consumo, a Águas de Joinville adianta que não vai contrariar o que for determinado. Mas reforça que ainda não se sabe como funcionaria a compensação nem se ela será efetivamente colocada em prática.
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