Rose Baggio, de 72 anos, é professora aposentada, mas tem uma rotina agitada que envolve aulas de pilates, ginástica e zumba, atividade que pratica duas vezes por semana em Florianópolis. O movimento da mente e do corpo é presente no dia a dia da idosa, e parte de um plano para a prevenção da Doença de Alzheimer, forma mais comum de demência e que afeta cerca de 1 milhão de pessoas no Brasil, segundo o Ministério da Saúde

Continua depois da publicidade

Clique aqui para receber as notícias do NSC Total pelo Canal do WhatsApp

A prevenção é um dos objetivos do Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença de Alzheimer, celebrado neste sábado (21). A data, escolhida pela Associação Internacional do Alzheimer, também busca alertar a sociedade sobre a importância do diagnóstico precoce e os cuidados com os pacientes. 

Alzheimer: Cientistas brasileiros descobrem nova substância que pode restaurar memória

A Doença de Alzheimer é considerada pelo Ministério da Saúde como uma condição neurodegenerativa, progressiva e fatal. A patologia, que tem como um dos principais sintomas a perda da memória, é mais comum em pessoas acima dos 65 anos, embora possa ocorrer em idades menos avançadas. Mesmo sem causas e nem curas definidas, conforme a pasta, hábitos e estilo de vida mais saudáveis podem contribuir para prevenir a doença.

Continua depois da publicidade

Além de se aventurar na prática das atividades físicas, Rose Baggio busca manter a mente ativa com o trabalho voluntário e na participação de tarefas voltadas às pessoas idosas. 

— Os grupos que eu faço o trabalho voluntário são muito bons. O voluntariado na nossa idade faz a gente se sentir útil. É a melhor coisa que tem, poder fazer alguma coisa em benefício de alguém — conta. 

Rose é uma das integrantes do movimento Viva Bem + Floripa, uma organização de Florianópolis que dialoga com a sociedade civil e com o poder público sobre questões pertinentes às pessoas idosas. Fundado por Bruna Gregorius, pós-graduada em gerontologia, e Daniela di Bernardi, especialista em gerontologia com capacitação em estimulação cognitiva, o movimento também busca trazer informação de qualidade e educação. 

— Para que as pessoas entendam como elas podem chegar em idades mais avançadas com mais qualidade e saúde. Nosso maior interesse é na socialização, porque sabemos que esse é um dos fatores de proteção [contra a Doença do Alzheimer] — explica Daniela.  

Continua depois da publicidade

O isolamento social foi considerado como um dos fatores de risco da Doença de Alzheimer por pesquisadores da revista médica britânica The Lancet, uma das mais renomadas na área da saúde. Em 2020, o periódico elencou 12 hábitos modificáveis que poderiam influenciar no diagnóstico da patologia. Em 2024, os cientistas acrescentaram mais dois fatores para a lista: colesterol alto e a perda visual. (Veja a lista completa abaixo). 

Veja as fotos

Hábitos que mudam 

Apesar de ser uma condição que costuma aparecer após os 65 anos, a Doença de Alzheimer se desenvolve na meia idade, explica a especialista em gerontologia com capacitação em estimulação cognitiva, Daniela di Bernardi. Segundo ela, a prevenção da patologia deve começar a partir da infância, para evitar possíveis danos ao envelhecer.

— A pessoa que trabalha os fatores de risco consegue prevenir tanto o declínio cognitivo quanto a demência, que não é só o Alzheimer, são todas as outras. Quais são os fatores de risco que a gente pode trabalhar na infância? Escolaridade. É ali, naquele comecinho, que você começa a fazer a sua reserva, uma das coisas que você precisa fazer ao longo dos anos. Uma reserva de neurônios com conexões fortes, para que quando você chegar na velhice, tenha um efeito andaime — diz. 

Continua depois da publicidade

Aprender a fazer crochê, tocar um instrumento musical ou até mesmo estudar uma nova língua são hábitos que estimulam a mente e podem ajudar na prevenção. Além disso, o Ministério da Saúde recomenda a prática de atividades físicas com frequência, não fumar, não consumir bebida alcoólica e ter uma alimentação saudável e regrada.

— A pessoa curiosa é a melhor porque ela está sempre se diversificando e se desafiando. Tudo o que entra no automático o cérebro não está sendo mais beneficiado — complementa Daniela.

No caso de Rose Baggio, ela não tem medo de ter a doença, mas se preocupa em envelhecer com qualidade e saúde:

— Eu sempre peço para que Deus me abençoe para eu envelhecer com saúde e ficar independente. Eu cuidei do meu marido por 16 anos e sei que em algum momento da vida a gente cuida e vai ser cuidado. 

Continua depois da publicidade

Os 14 fatores de risco modificáveis da Doença de Alzheimer  

  1. Baixo nível educacional
  2. Colesterol alto
  3. Consumo excessivo de álcool
  4. Depressão
  5. Diabetes
  6. Falta de atividade física
  7. Falta de contato social
  8. Hipertensão
  9. Lesões graves na cabeça
  10. Obesidade
  11. Perda de audição
  12. Perda de visão
  13. Poluição do ar
  14. Tabagismo

Leia mais

Doença de Alzheimer: Estudo indica novo fator que pode aumentar o risco até nos mais jovens

Antes da perda de memória: sintomas precoces de Alzheimer podem aparecer aos 40 anos