Após 11 meses afastados das salas de aula, os estudantes de Santa Catarina volataram a reencontrar as escolas. Nesta segunda-feira (8), alunos das redes municipais de cidades como Blumenau e Joinville terão o reinício do ano letivo, com aulas presenciais pela primeira vez desde o início da pandemia do coronavírus.

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As aulas em todas as redes de ensino em Santa Catarina estavam suspensas desde o dia 19 de março de 2020, depois do decreto que colocou o Estado em situação de emergência para a Covid-19 e estabeleceu as primeiras medidas de distanciamento e isolamento contra a pandemia. 

Desta forma, estudantes de todos os níveis passaram praticamente o ano inteiro tendo aulas apenas pelo computador, em um formato que agora irá se misturar ao tradicional modelo presencial.

O retorno traz desafios para a saúde, no respeito às medidas sanitárias, e todas as escolas deverão seguir regras estabelecidas pelo governo do Estado. As diretrizes apontam o distanciamento necessário entre os alunos, rotinas de higienização, obrigatoriedade do uso de máscaras e uma série de outras normas, desde o uso do transporte escolar até a hora do recreio.

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Além do cuidado com o coronavírus, a volta às aulas traz também uma série de desafios pedagógicos para alunos, professores e toda a equipe escolar. Para a Doutora em Educação e professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Regional de Blumenau (FURB), Cássia Ferri, o retorno à sala de aula em 2021 será totalmente diferente dos outros anos:

— Tem cuidados de nível pessoal, pedagógico, de vários níveis. O principal é esclarecer para as crianças e jovens todos os cuidados que precisam ser tomados. Mas não apenas dizer que precisa distanciar, usar álcool gel, é tentar mostrar o significado da pandemia no seu contexto geral, o que significam as questões coletivas, por que é importante se cuidar. Tem que ser uma conversa de todos os professores com os seus alunos.

Fila próximo à escola Amirante Tamandaré, em Blumenau. Nem sempre o distanciamento de 1,5 metro foi respeitado.
Fila próximo à escola Amirante Tamandaré, em Blumenau. Nem sempre o distanciamento de 1,5 metro foi respeitado. (Foto: Valeska Lippel, NSC TV)

Em relação ao ensino, Ferri acredita que será um ano de desafios para os professores, e que o apoio pedagógico de todos os profissionais na escola será necessário. Após o período de ensino à distância, em que nem todos os alunos conseguiram acompanhar o conteúdo da melhor forma possível, a retomada em sala de aula ganha novas necessidades.

— É preciso fazer uma avaliação diagnóstica com muito cuidado. Não se trata de fazer uma prova sobre o quanto o aluno aprendeu em 2020, mas a gente precisa ter um ponto de partida do trabalho. É preciso conhecer cada situação, entender como cada criança elaborou as coisas que aconteceram em 2020, do que ela conseguiu elaborar, o que não conseguiu. E não dá para imaginar que o professor vai conseguir fazer isso sozinho. Todos terão que dar apoio para tentar compreender os percursos — avalia a doutora em Educação.

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Filas e cuidados em Blumenau

Em Blumenau, o primeiro dia de aulas na rede municipal foi marcado por filas do lado de fora de unidades de ensino. Na escola Machado de Assis, uma das maiores da rede pública, os portões foram abertos somente às 7h15min, o que motivou uma pequena aglomeração às margens da via.

Assim que a entrada foi autorizada, estudantes se direcionaram a espaços com distanciamento montados para orientá-los sobre essa retomada do ensino presencial. A diretora do colégio, Solange Clebsch, conta que alguns alunos até chegaram a “encostar” carteiras, mas logo foram avisados sobre as regras que terão de ser respeitadas.

— Tem que manter o distanciamento. São hábitos que precisamos observar — ressalta a diretora.

Pai de dois alunos, Fernando Rosa de Jesus disse estar “confiante” e, bem-humorado, diz que os professores terão de ter paciência para suportar os 11 meses de energia acumulada pelas crianças e adolescentes.

— Estou confiante. Vai ser desafiador, mas acredito que todos farão os protocolos corretamente. Tomara que os professores tenham energia para aguentar — diz o pai.

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Alunos do 8º e 9º anos foram orientados sobre normas de distanciamento logo na entrada do colégio.
Alunos do 8º e 9º anos foram orientados sobre normas de distanciamento logo na entrada do colégio. (Foto: Patrick Rodrigues, Santa)

Como será o retorno

As escolas contam com três modelos de ensino definidos — totalmente presencial, totalmente on-line e misto — e regras sanitárias estabelecidas por, pelo menos, um semestre.

Entre as mudanças do novo ano letivo, estão o uso de máscaras e o distanciamento de 1,5 metro em todos os ambientes. Os abraços e as aproximações comuns do retorno à escola também precisam ser evitados.

Em caso de surto de Covid, as escolas que estiverem no modelo 100% presencial ou misto passam para o 100% remoto durante 14 dias. Por esse motivo, a Secretaria de Estado de Educação (SED) destaca que todos os sintomas de alunos dentro e fora da escola devem ser avisados à equipe gestora da instituição, que fará o contato com os órgãos sanitários.

De máscara e com distanciamento, criança esperam início das aulas na Ponta Aguda, em Blumenau.
De máscara e com distanciamento, criança esperam início das aulas na Ponta Aguda, em Blumenau. (Foto: Valeska Lippel, NSC TV)

Na rede particular as aulas já retornaram na semana passada, porém na educação pública as primeiras escolas de SC voltam a receber alunos nesta segunda (8). É o caso de Joinville e Blumenau, que seguirão um modelo misto de ensino. Já em Florianópolis as aulas voltam na quarta (10) de forma 100% digital, com o retorno presencial dos estudantes apenas em 10 de março.

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A rede estadual de ensino tem o retorno marcado para o dia 18 de fevereiro.

Modelo tradicional: com todos os alunos presentes na sala de aula, assim como os professores, será aplicado somente nas escolas que dispuserem de salas com infraestrutura adequada para realizar o distanciamento de 1,5 metro exigido entre as carteiras dos alunos.

Modelo misto: deve incluir o maior número de alunos da rede estadual e da rede privada. Va funcionar com a alternância dos grupos que frequentam a escola e dividido em dois momentos: o “Tempo Escola” e o “Tempo Casa”. O atendimento presencial deve ocorrer de duas a três vezes por semana nos anos iniciais e semanalmente nos anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio.

Totalmente on-line: continua em 2021 para os cerca de 28 mil alunos da rede estadual que, comprovadamente, fazem parte de grupo de risco para Covid-19, assim como os professores.

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