A Escola do Teatro Bolshoi, de Joinville, completa 22 anos nesta terça-feira (15) como uma referência na formação de bailarinos. Centenas de profissionais passaram por oito anos de estudos e hoje atuam em companhias do Brasil e do mundo. E novas crianças começam as aulas todos os anos para realizar sonhos e transformar suas vidas por meio do balé.
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Dois desses alunos saíram da Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, no início deste ano para morar em Joinville. Ana Luisa de Araújo Oliveira, de 11 anos, e Pedro Victor Periald de Souza Lima, de 9 anos, estão entre os 20 meninos e 20 meninas que começaram o ano letivo no início deste mês. Já tiveram aulas de dança clássica, populares e históricas, além de ginástica, música e outras disciplinas.
– O que mais me impressionou até agora foi que a escola é muito organizada e que eles dão muito amor no que fazem. É uma coisa mágica – descreve Ana Luisa.
Quando começaram a ter aulas de balé, na escola e em um projeto social na comunidade carioca, os dois ainda não conheciam o Bolshoi. Tiveram conhecimento da importância da escola quando surgiu a oportunidade de participar da pré-seleção, no Rio de Janeiro. Avançaram para a etapa presencial, em Joinville, onde receberam a notícia da aprovação.
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Foi quando a vida das duas famílias começou a mudar. No caso de Ana Luisa, os pais e o irmão se mudaram para a cidade catarinense. Segundo a menina, o que mais mudou na rotina foi o barulho e a violência da Cidade de Deus, que ficaram para trás.
– Aqui é uma tranquilidade. Lá era perigoso porque tinha muito tiroteio, bandidos e polícia na rua. Muitas vezes, tive que deixar de ir para o balé ou escola porque estava tendo uma operação. Aqui não tem nada disso e posso descer na rua, brincar, é uma coisa muito mágica – conta.
Pedro se mudou apenas com a avó Márcia, já que a mãe é concursada em uma escola do Rio de Janeiro e não teve como largar o emprego. Os dois moravam em casas separadas, mas muito próximas na Cidade de Deus, e agora vivem juntos em Joinville.
– A única coisa que sinto saudades é da minha família, mas isso aqui é sem palavras. Meu sonho é ser bailarino e entrar em palcos de todos os países – comenta.
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“É uma oportunidade única”, diz avó
A autônoma Márcia Valéria Cavalcante, de 54 anos, apoiou o sonho do neto Pedro desde quando o menino entrou para o projeto social Movidos, onde começou a estudar balé. Quando aconteceu a aprovação no Bolshoi, a avó foi questionada se poderia se mudar para acompanhar o menino.
– A princípio, achei que seria um ano, mas quando descobri que eram oito fiquei mais apreensiva, ainda mais porque morava na Cidade de Deus há 40 anos, no mesmo lugar. Mas ele me pediu para vir e não tive como resistir – conta.
Inicialmente, a mudança não foi fácil, mas a adaptação já acontece de forma natural, principalmente pelos benefícios que a nova cidade oferece para avó e neto. Segundo Márcia, Joinville é menos perigosa e apresenta mais facilidades para se viver.
– Não era fácil morar na Cidade de Deus, mas a gente já estava acostumado. Quando minha filha e os meus netos foram morar comigo, fiquei mais apreensiva porque você vê armas, drogas e uma série de situações pelas quais você não quer que seus familiares passem – explica.
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O objetivo da avó é ajudar o neto na adaptação à nova cidade e escola, além de proporcionar um futuro melhor para o menino. Márcia explica que a oportunidade no Bolshoi é única e quer que o neto aproveite bastante.
– Eu espero que a gente consiga dar continuidade e o futuro seja melhor para ele. É tudo que a gente espera, como avó e mãe. Que ele aproveite essa oportunidade única.
Pedro e Ana Luisa vão estudar com bolsistas na Escola do Teatro Bolshoi durnate oito anos, durante o Curso de Dança Clássica. Além de ensino gratuito, eles recebem benefícios como alimentação, transporte, uniformes, figurinos, assistência social, orientação pedagógica, assistência odontológica preventiva, atendimento fisioterápico, nutricional e assistência médica de emergência/urgência pré-hospitalar.
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