Usando a prática como ferramenta de ensino, os alunos do curso técnico em química do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) de Jaraguá do Sul têm uma nova ferramenta para consolidar o aprendizado. Trata-se do Projeto Conectando Saberes, que incentiva a pesquisa científica durante os quatro anos de curso.
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Neste período, os estudantes cursam o ensino médio com ênfase em química e desenvolvem trabalhos que buscam solucionar os problemas do cotidiano jaraguaense.
O coordenador do curso, Clodoaldo Machado, explica que, nos três primeiros anos, todos os alunos participam do projeto. O objetivo é estimular a pesquisa e perceber os problemas da sociedade como um todo.
O primeiro ano é dedicado para entender o que é uma pesquisa científica. No último, os alunos desenvolvem um projeto de conclusão de curso. Durante as aulas normais do ensino médio, os alunos têm disciplinas voltadas para o curso técnico em química com práticas laboratoriais. Ao todo, são oito fases com 80 disciplinas, sendo 23 delas específicas para a área de química. O curso conta com 240 alunos, e primeira turma se forma em março de 2015.
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– As aulas duram quatro horas por dia, mas os alunos ficam mais tempo no IFSC desenvolvendo os projetos do Conectando Saberes. Neste tempo, eles desenvolvem as habilidades nos laboratórios – diz Machado.
O projeto está diretamente ligado às disciplinas do ensino médio. Machado cita o exemplo de um professor de História que ensina conteúdos gerais com ligações com a área de química. No final de cada ano, os alunos são avaliados em cada disciplina pelo trabalho do Conectando Saberes e a forma que relacionam com as disciplinas na sala de aula.
– A ideia é que eles descubram como pesquisar, como publicar e como solucionar problemas na vida e na profissão. Queremos pessoas que sejam capazes de pensar e refletir sobre o local em que vivem – destaca.
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De acordo com o coordenador, o ensino médio é uma época importante para estes jovens, pois é quando eles vão definir qual área irão seguir. A modalidade integrada, ensino médio mais técnico, permite que os estudantes descubram suas aptidões.
– Temos alunos que perceberam que não gostam de exatas, de laboratórios. Isso só foi possível por entrarem em um laboratório e vivenciarem práticas neste ambientes – explica Machado.
Reaproveitar é uma solução viável
Enxergar em algo comum uma solução. Essa foi a ideia dos alunos da sexta fase do curso técnico em química do IFSC. Desenvolvendo um projeto voltado para a química industrial, eles descobriram que o caule do chuchu tem um grande potencial para limpar a água residual do tingimento têxtil.
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Segundo a aluna Débora Paulus Soares, o legume pode ser aproveitado de outras formas. Ela e seus colegas decidiram verificar a adsorção (fixação de moléculas de gases ou líquidos à superfície de outra substância) do chuchu para efluentes de empresas de tingimento.
– Jaraguá do Sul é um polo têxtil e tem muito chuchu. Então, por que não ver a capacidade desta fruta na adsorção? É uma forma mais econômica e que pode substituir o carvão ativado, que é caro – destaca Débora.
Para realizar o experimento, o primeiro semestre de 2014 foi dedicado à pesquisa. Já no segundo semestre, os estudantes passaram três meses e meio dentro do laboratório desenvolvendo o projeto. Foi necessário secar o caule do chuchu ao sol por duas semanas e deixar por quatro horas na estufa em um calor de 60º C. Depois, os alunos realizaram o teste de controle com o caule seco e triturado em três temperaturas diferentes com cinco tipos de concentrações.
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– Conseguimos uma adsorção de 79,25 miligramas de chuchu por cada grama de resíduo. O carvão tem um adsorção de 230 mg/g, mas o custo benefício do chuchu faz com que seja possível utilizar ele para limpar águas – explica o aluno Gabriel Engster, integrante do grupo.
Para o professor e orientador Juliano Maritan Amâncio, trabalhos como esse possibilitam que os alunos desenvolvam uma maturidade para futuras pesquisas.

Falta de informação é um problema
Com o tema a Química e a Vida, os estudantes do quinto semestre checaram se produtos utilizados para escovas progressivas seguiam as normas da Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa). As amostras foram colhidas em noves salões de beleza de Jaraguá do Sul e os alunos constaram que cinco dos produtos estavam fora dos padrões.
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Durante o primeiro semestre deste ano, o grupo realizou a pesquisa bibliográfica e percebeu que existiam muitos trabalhos alertando sobre as causas do uso do formol. Entretanto, não encontraram estudos que mostrassem se os produtos estão dentro da legislação da Anvisa. Os alunos utilizaram dois experimentos para obter as respostas do uso do formol de forma qualitativa.
Com as análises, perceberam que oito das nove amostras coletadas de diferentes produtos apresentavam formol em sua concentração. Outros cinco produtos não seguiam as normas da Anvisa por usarem ácido glioxólico em sua composição, que é proibido pela entidade, ou por não apresentarem rótulo no momento de coleta, o que impede de os clientes verificarem a sua composição nos rótulos das embalagens.
– A nossa percepção foi que falta informação para as cabeleireiras e clientes, pois há rótulos que usam sinônimos para o formol e outros que usam substâncias proibidas. Sem falar que para buscar o cabelo ideal, muitos clientes não têm medo das consequências daquele produto – afirma integrante do grupo, Beatriz Caroline Meyer.
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