O conteúdo das redes de pesca de camarão no Norte Catarinense virou tema de pesquisa para um grupo do Instituto Federal de Santa Catarina (Ifsc) de Jaraguá do Sul. Mais que isso, o projeto foi bem classificado na Mostra de Iniciação Científica da Bahia e garantiu uma vaga na Mostratec, que ocorre no Rio Grande do Sul de 27 a 31 de outubro. Neste domingo, a equipe faz as malas e parte para Novo Hamburgo, divulgando mais uma vez o trabalho.

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A pesquisa foi realizada em Penha entre agosto de 2013 e julho de 2014, sob orientação do professor Mario Cesar Sedrez. Os bolsistas Maurício Goetten, 18, e Afonso Bosse, 18, fazem parte do projeto.

– Estudamos o impacto da pesca artesanal do camarão de sete barbas. O camarão tem valor comercial, porém vem junto na rede de pesca outros animais da fauna marinha. Observamos o peixe da família Sciaenidae _ explica Maurício.

O resultado surpreendeu. Para cada quilo de camarão pescado, é retirado do mar também 6,5 quilos de fauna. Desses, 3,5 quilos são da família Sciaenidae, escolhida pelo grupo como foco do estudo. Durantes os 12 meses de pesquisa, foram coletados 16.914 peixes. O problema é seu descarte: sem valor comercial, os peixes são devolvidos ao mar, porém já sem vida, o que acaba comprometendo o equilíbrio da cadeia alimentar de outros organismos.

Além disso, a pesca constante pode afetar o tempo de recuperação das espécies, o que pode ter consequências a longo prazo.

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– Nosso objetivo é que os dados possam ajudar na elaboração de políticas públicas e talvez dar alternativas para o descarte. Estamos estudando o beneficiamento dos peixes _ explica Maurício.

A relevância social da pesquisa, que visa uma das importantes atividades econômicas do litoral de Santa Catarina, é um dos grandes méritos do trabalho, que ainda não está encerrado. Apesar de a bolsa de iniciação científica de Maurício e Afonso ter finalizado em julho, os alunos continuam voluntariamente na pesquisa.

Agora, eles estudam os modos de reprodução dos peixes, além de sua alimentação, reunindo mais dados para o trabalho. O próximo passo é levar os resultados para fora do Instituto, apresentando-os para as comunidades de pescadores e poder público de cidades ligadas à pesca.