O projeto “Estica e Puxa” desenvolvido por uma professora do Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja) de Itajaí para ensinar dois alunos especiais a somar, diminuir e multiplicar, conquistou os jurados da Feira Nacional de Matemática ocorrida em julho deste ano, em Jaraguá do Sul. Os estudantes Joana Cristina Cardoso Belizario, 21 anos, que tem paralisia cerebral, e Diozeffer Dornelles, 21 anos, com síndrome de down, surpreenderam pela performance junto aos números por meio do tabuleiro e levaram o Prêmio Destaque. O projeto apresentado por eles no evento concorreu com outras cinco equipes de outros estados.

Continua depois da publicidade

::: Assista ao vídeo e entenda mais sobre como funciona o projeto:

A idealizadora do “Estica e Puxa”, a professora Ruth Rodrigues, conta que após tentar um método diferente de ensinar tabuada para um aluno autista, que não deu certo, foi apresentada ao tabuleiro interativo por uma amiga professora e decidiu experimentá-lo no ensino de Joana e Diozeffer.

– Inicialmente iríamos trabalhar só adição e subtração, mas vimos que eles tinham potencial para mais e partimos para a multiplicação – conta Ruth.

Continua depois da publicidade

A professora Andrea Capel, que assumiu o Serviço de Atendimento Educacioal Especializado (SAEE) do Ceja, explica que Joana e Diozeffer participam há dois anos do projeto, começaram pelo reconhecimento dos números.

– Eles se classificaram na etapa regional, estadual e chegaram na nacional. Tinha gente do Mato Grosso, Ceará, e a Jojo chegou lá. Para a gente é um orgulho muito grande – comemora.

Joana, que coleciona medalhas na bocha paralímpica, emocionou a mãe com a conquista da primeira medalha na educação.

Continua depois da publicidade

– Eu estava lá na hora. Fiquei muito feliz. Acredito muito no trabalho aqui do Ceja. A Joana evoluiu muito cognitivamente desde que começou a frequentar o centro há cinco anos – conta.

Como funciona o tabuleiro

O tabuloeiro funciona de forma bem simples. Nele há números dispostos na horizontal e na vertical. Quando vão fazer uma operação de multiplicação, os alunos colocam um elástico nos dois lados com o número 5, por exemplo, e outro elástico nos dois números 8. Os elásticos se cruzam no resultado, o número 40.

Comunicação alternativa

Para facilitar a comunicação de Joana, que não consegue verbalizar palavras devido a paralisia cerebral, o Ceja adquiriu no ano passado o software “Boardmaker”, que consiste no método da comunicação alternativa. Por meio de uma prancheta que funciona como uma espécie de equalizador, a aluna aperta as figuras ou fotos representativas do que quer comunicar e aciona frases prontas. Foi dessa forma que a estudante apresentou o projeto “Estica e Puxa” na feira.

Continua depois da publicidade

A diretora do Ceja, Valéria Mello, conta que o dispositivo e o software, que custaram R$3,7 mil, foram comprados com recursos federais do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) de acessibilidade.

– Ele é maravilhoso para a comunicação alternativa. Facilita a comunicação para autistas e portadores de paralisia que não verbalizam palavras – explica Ruth.

A ideia agora é adicionar figuras na prancheta para o dia a dia de Joana no centro, assim como foi feito para a feira, para melhorar a interação dela nas aulas e com os colegas.

Continua depois da publicidade