Trabalho desenvolvido na Escola Básica Municipal Adotiva Liberato Valentim, de Florianópolis, foi parar na revista Zootaxa, de fama internacional. A publicação fala sobre taxonomia, ciência que busca descrever, identificar e classificar os seres vivos. Conforme divulgação da escola e prefeitura, a unidade educacional foi homenageada com o nome de um inseto descoberto na Amazônia e identificado pelo professor Luiz Carlos Pinho, do Departamento de Ecologia e Zoologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). No artigo, ele relatou todo o caminho percorrido: da descoberta até o batismo do animal como Aedokritus adotivae.
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O trabalho de Pinho foi publicado no dia 23 de março, aniversário de Florianópolis, relatando o processo que conduziu na escola, após convite para assessorar uma turma de terceiro ano do ensino fundamental, a 34, sobre Novas espécies de animais na Amazônia. Anualmente, todas as classes do estabelecimento trabalham um tema dentro do projeto global Aprender a conhecer, pesquisa de corpo inteiro, com o intuído de que um especialista ajude a criançada junto com dois profissionais orientadores da escola. Nesse caso, foram a professora Joseane Maria Aguiar Amorim e a bibliotecária Adriana Kuhn. Entre as dúvidas, questões como “Qual a rotina de um cientista na floresta?”, “As novas espécies evoluem de outras?” e “Como uma nova espécie é identificada pelos cientistas?”.
O professor já trabalhava na descrição de um novo inseto, quando foi fazer o assessoramento. Então resolveu presentear as crianças com a oportunidade de escolherem um nome científico para ele. Obedecendo a todas as características necessárias, a turma chegou a três nomes: Aedokritus adotivae, Aedokritus amazonicus e Aedokritus plumosus. No dia da Feira de Ciências da escola, a comunidade votou, sendo escolhido o nome em homenagem à unidade de ensino.
Alunos são considerados taxonomistas natos
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De acordo com o professor, as crianças da Escola Adotiva Liberato Valentim são taxonomistas natos, ou seja, biólogos, e envolvê-las no processo foi uma experiência que ele recomenda. “Ao mesmo tempo em que temos crianças fascinadas pela biodiversidade, temos os estudos sobre a biodiversidade majoritariamente sendo feito pela e para a comunidade científica. É possível aproximarmos esses públicos”, afirma em nota da prefeitura.
No artigo, ele escreve que popularizar a entomologia, estudo dos insetos, entre as crianças pode não ser tão difícil, já que elas são naturalmente fascinadas pela natureza desde muito jovens. O desafio é evitar que sua fascinação pela natureza se torne aversão. É aí que acadêmicos como os taxonomistas podem agir.
Sobre o inseto
O Aedokritus adotivae é bem menor que os outros de sua espécie. Não suga sangue e é parente próximo de insetos que são bem comuns nas cidades, formando grandes enxames ao entardecer. Segundo Pinho, não foi ele quem coletou o animal. “O inseto foi coletado em 1972 e estava no museu de zoologia de São Paulo desde então. Nenhum especialista no grupo havia tentado identificá-lo.”
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