Algumas pessoas doam brinquedos, outras doam roupas, mas as turmas do 5º ano do Colégio Gardner, no Kobrasol, em São José, desenvolveram um trabalho que mostra a importância de uma doação diferente: aquela que salva vidas. Com o projeto “Doação de Órgãos”, os 32 alunos de 10 anos trabalham a conscientização sobre a importância de ser um doador e poder ajudar a prolongar uma ou mais vidas.

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A ideia do projeto surgiu depois que o marido da professora Neli Junckes Welter precisou de um transplante de fígado. Sentindo a necessidade de divulgar a importância da doação de órgãos e tecidos, Neli chegou à conclusão de que um primeiro passo poderia ser trabalhar o assunto com as crianças, que têm o apelo para mobilizar e sensibilizar as famílias.

— Assim como a maioria das pessoas, nunca havia sequer pensado nesse assunto e vivenciando o dia-a-dia das pessoas que necessitam de um órgão. Então, senti que precisava fazer alguma coisa. Foi aí que surgiu a ideia de trabalhar o tema na escola, porque um assunto recheado de preconceito e tabus se torna mais leve quando abordado pelas crianças — conta a professora.

Em sala de aula, o projeto “Doação de Órgãos” também chama a atenção por conta da interdisciplinaridade. O assunto permite trabalhar, por exemplo, a matemática, utilizando o número de pessoas na fila de espera e o tempo que cada órgão pode resistir até ser transplantado, e a ciência, estudando o corpo humano.

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— Não existe uma disciplina que não esteja ligada a esse projeto tão rico para nossas vidas e para além de nossas vidas — afirma Neli. — Apesar de ser um tema complicado, a doação de órgãos precisa ser debatida nas escolas e levada até as famílias. Falar de doação de órgãos é falar de amor e solidariedade — completa.

Conversa durante as aulas

No início do projeto, a conversa com os alunos girou em torno dos tabus que envolvem a doação de órgãos. Mesmo que boa parte da população ache importante o ato, ainda há aquele velho preconceito quanto a viver com o órgão de outra pessoa ou de tirar um órgão do próprio corpo.

— Não é fácil falar de doação de órgãos. Ninguém quer pensar na ideia da vida de uma pessoa querida seja interrompida, mas a coisa bonita é que, em vista de um acontecimento trágico, um ato maravilhoso pode surgir quando a chance de viver passa para outras pessoas. Afinal, não podemos esquecer que um único doador pode salvar no mínimo oito vidas. E isso é lindo e todo mundo apoia, não é mesmo? — comenta Neli.

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Depois das primeiras aulas e a curiosidade dos estudantes aguçada, a escola, então, decidiu promover um encontro das crianças com pessoas que já haviam recebido transplante e com doadores de órgãos, além de doadores de sangue e medula e de pessoas que ainda estavam na fila aguardando um transplante.

O bate-papo com pessoas como Loiva Schanrank, que doou os órgãos do filho após a morte encefálica, ou Aline Mariano Vieira, que há anos espera por uma doação de medula, comoveu os alunos e reforçou a importância de falar sobre o assunto.

— Ensinar crianças é uma forma de plantar sementes na sociedade, mas também dentro das famílias — afirma Neli.

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Feira do Conhecimento

O projeto rendeu tantos frutos que, neste sábado, 15, os 32 alunos do 5º ano do Colégio Gardner irão realizar uma feira do conhecimento sobre doação de órgãos, entre 9h e 12h. O tema escolhido foi “Doe órgãos, transforme esperança em vida”.

— Esperamos a comunidade escolar, familiares e todos os convidados da feira. Os alunos, com muito conhecimento, passarão seu recado — encerra Neli.

Como ser um doador

MEDULA ÓSSEA

Quem pode doar

Pessoas saudáveis entre 18 e 55 anos, sem doença infecciosa, nem câncer, doenças de sangue ou do sistema imunológico.

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Quem pode receber

Entre as doenças mais comuns, portadores de leucemia, linfoma e aplasia de medula

Como doar

Vá a um hemocentro ou unidade de coleta de sangue. Em SC, há opções em Florianópolis, Lages, Criciúma, Joinville, Joaçaba, Chapecó, Tubarão, Jaraguá do Sul, Canoinhas e Blumenau.

Quando ocorre a doação

Quando houver um paciente compatível você será consultado para decidir quanto à doação.

DEMAIS ÓRGÃOS

Doação em vida

Além da medula, é possível doar em vida: fígado (parte dele apenas), pulmão, pâncreas (parte apenas) e rim.

O doador deve ser saudável e ser avaliado por médico para garantir a proteção do organismo durante ou após a doação.

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O candidato passa por exames físicos e psicológicos. Ao manifestar o desejo de ser doador em vida, o candidato recebe informações sobre os riscos do procedimento e assina um termo de responsabilidade.

Limites previstos em lei

A Lei dos Transplantes determina que só pode ser doador o cônjuge ou a pessoa com até o quarto grau de parentesco com o paciente. Nos demais casos, é necessária autorização judicial, exceto na doação de medula óssea. Só é permitida a doação em vida de órgãos duplos ou de partes de órgãos, tecidos ou partes do corpo cuja retirada não comprometa o doador.

Após a morte

É potencial doador todo paciente com morte cerebral. É possível doar veias, artérias, intestino, coração, córneas, ossos, pele, fígado, pulmão, pâncreas e rim.

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Como se declarar doador

O primeiro passo é comunicar o desejo à família. Não é preciso fazer registro em cartório ou no documento de identidade.

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