Alunos de escola de Florianópolis aprendem a fazer uma Bernunça

Preservar a tradição do folclore açoriano, esse é o objetivo das atividades propostas pela direção da Escola Básica Municipal Adotiva Liberato Valentim, em Florianópolis. Durante todo o mês de agosto os 420 alunos, do primeiro ao quarto ano, desenvolvem atividades com referência ao tema.

Segundo a diretora da escola, Karla da Silva, as atividades são realizadas pelas 20 turmas e compreendem oficinas práticas, contação de histórias, dobraduras, entre outras ações.

– Cada turma está fazendo uma atividade específica – destaca a diretora.

Neste ano alunos do primeiro ano da escola localizada na Costeira do Pirajubaé participaram de uma oficina de bernunça ou bernúncia. Em dois dias os alunos aprenderam a fazer o personagem do boi-de-mamão em argila.

Na primeira etapa as crianças, entre 6 e 7 anos, colocaram a mão, literalmente, na massa.

Com a ajuda do professor de geografia e artesão Eduardo de Souza, 37 anos, que é pai dos trigêmeos: Antônio, Bernardo e Francisco, que estudam no primeiro, e quem sugeriu a oficina, os alunos fizeram em menos de uma hora cada um a sua bernúncia.

– Esta é a maneira mais tradicional de se fazer a peça – disse Eduardo, que teve auxílio da esposa Raquel, que também é artesã.

Depois de deixar o objeto secando ao natural por uma semana foi a hora de colorir os personagens. Cada um usou a sua criatividade para transformar com tinta guache as bernúncias.

O trabalho final, além de ser exposto na escola, será uma lembrança para os alunos.

As alunas da turma da professora Edésia Soares Campagnaro, Hamabile Aceno, 7, e Sarah de Souza, 6, gostaram muito da atividade realizada na escola.

Aprendendo a fazer

Cada aluno recebeu um pedaço de argila, uma tampinha de garrafa pet com água, um palito de dente e um fio de nylon amarrado em duas tampinhas de plástico. Monidos destes materiais iniciaram a confecção da bernúncia.

A primeira etapa foi transformar o pedaço de argila em uma bola. Em seguida as crianças rolaram a bola até que ela virasse um rolinho, não muito grosso.

Com a ajuda do cortador de argila – feito com o nylon e as duas tampinhas – os alunos cortaram o rolinho. O corte é indicado da seguinte maneira, coloque os quatro dedos sobre a argila e corte após o quarto. O que sobrar reserve.

Na sequência molhe a ponta do dedo e passe pela argila, para deixá-la lisinha.

Com a parte reservada faça um rolinho, não muito fino, e encaixe na parte frente, essa será a cabeça da bernúncia. Lembre-se de passar o palito com um pouco de água antes nos dois pontos de encaixe, isso facilita na hora de colar.

Uma tirinha bem fininha de argila colocada no pescoço pode ajudar fixação.

O próximo passo é abrir a boca do personagem. Com o auxílio do cortador de nylon corte a ‘cabeça’ ao meio para fazer a boca. Faça duas pequenas bolinhas e coloque como olhos.

Para completar faça um rolinho bem fininho e faça coloque como rabo. Alise com um pouco de água o corpo e está pronta a sua bernúncia.

Você pode fazer ainda algum relevo nas costas dela, desenhos e assinar o seu nome.

Após deixar secar ao natural, por pelo menos uma semana, pinte com tinta uma tinta de sua preferência.

Artesão ensina em vídeo como fazer:

Dia do Folclore

A data foi oficializada no Brasil em 17 de agosto de 1965 por meio do decreto federal assinado pelo então presidente Humberto de Alencar Castello Branco. Desde a assinatura todos os anos o Dia do Folclore é comemorado no dia 22 de agosto.

A palavra folclore de origem no inglês antigo quer dizer: conhecimento popular. Sendo que “folk” significa povo e “lore” conhecimento, cultura.

O que é o Boi-de-mamão?

Folguedo do boi que ocorre em Santa Catarina, composto de quadros rápidos entrecortados pelas canções de repentistas. Apresenta personagens característicos, como Bernúncia, uma espécie de crocodilo que come as crianças, e outros, como Maricota, boneca de cerca de quatro metros, boi, cabra, macaco, urubu, cavalinho e onça por exemplo.

Bernúncia ou Bernunça

Personagem do boi-de-mamão que representa animal fabuloso. A figura é confeccionada em geral a partir de armação de madeira recoberta por pano preto, sob a qual se abrigam dois indivíduos. Possui grandes mandíbulas, que se fecham estrepitosamente. Ela é uma convergência dos monstros processionais e deles conserva o mutismo e a agressividade característica, espavorindo a assistência e sendo andrófago.

Fonte: Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular do Tesauro de Folclore e Cultura Popular Brasileira