O mouse inclusivo desenvolvido pelo Projeto Assistiva, da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) em Joinville, recebeu o certificado de Tecnologia Social, conferido pela Fundação Banco do Brasil. A certificação reitera a relevância do projeto, inserindo-o no Banco de Tecnologia Social (BTS), que proporciona maior visibilidade nacional.

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Segundo o professor Marcos Fergütz, coordenador do projeto, o certificado é fruto da participação do Assistiva no Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2015.

O Prêmio é concedido a cada dois anos a tecnologias que promovam transformação social, o envolvimento da comunidade e que possam ser implementadas em outros âmbitos. Este ano, 154 trabalhos foram certificados dentre os 866 inscritos, e 18 finalistas receberam premiação.

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O Projeto Assistiva, que existe desde 2012, é parte do programa de extensão Incluir com Ciência e Tecnologia, ligado ao departamento de Engenharia Elétrica. Os professores André Leal, Fabrício Noveletto, Fernando Iafratta e Marcelo Hounsell também colaboram no projeto, que envolve cerca de doze estudantes.

O que é o mouse inclusivo?

Depois de verificar a demanda em conjunto com a Associação de Reabilitação da Criança Deficiente (ARCD), surgiu a proposta inicial de, com um equipamento de acesso adaptado ao computador, atender crianças com sequelas de paralisia cerebral.

O Projeto Assistiva iniciou o desenvolvimento de um equipamento que reproduzisse as funcionalidades de um mouse de computador. Eles privilegiaram características como design ergonômico, dimensões ampliadas, fácil reaplicação e baixo custo.

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Assim, foram desenvolvidos dois modelos do mouse inclusivo: Bernardo, desenvolvido para pessoas com deficiências motoras graves, e Bianca, para níveis de limitação física que impedem o uso do mouse convencional, mas não são tão graves.

Segundo a equipe do projeto, Bernardo se mostrou um equipamento bom para crianças com dispraxia, e se caracteriza por suportar movimentos mais bruscos e com excesso de força, característicos de crianças com sequelas de paralisia cerebral. Ele pode até ser utilizado com os pés. O modelo Bianca, permite movimentos mais suaves e precisos.

A tecnologia do mouse está em constante atualização, sempre sendo avaliado por terapeutas ocupacionais e pedagogos das instituições parceiras. Isso em grande parte é possibilitado pela sua implantação nessas instituições, que enviam sugestões, acompanham e desenvolvem estudos sobre os resultados do uso do equipamento. A possibilidade de realizar alterações no mouse fácil e rapidamente também contribuiu para sua aceitação.

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Resultados obtidos

Desde março de 2013, o mouse foi implementado em seis bairros de Joinville. Mais de 60 equipamentos foram produzidos pelo projeto com recursos repassados pelo Lions (R$ 2 mil) e pelo Ministério Público do Trabalho (R$ 40 mil revertidos de uma multa aplicada a uma empresa).

Os mouses foram doados a instituições como a ARCD, Associação Catarinense de Ensino (ACE) e Associação Catarinense de Apoio Multiprofissional ao Portador de Necessidades Especiais (Acampe), que dá suporte ao Núcleo de Assistência Integral ao Paciente Especial (Naipe).

O Assistiva observou, entre os resultados, o desenvolvimento de autonomia e independência no acesso dos estudantes ao computador para realizar pesquisas na internet, desenhar, escrever com teclados virtuais, participar das atividades escolares, de estimulação e reabilitação cognitiva.

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Até então, eles dependiam da ajuda de outras pessoas, mas com o mouse inclusivo alcançaram, em alguns casos, independência total. Mais do que possibilitar o acesso facilitado ao computador, o mouse proporciona o exercício de atividades que aumentam a atenção visual e reforçam o sistema motor da criança.

Por mais tecnologia acessível

O professor Marcos sinaliza a disponibilidade da equipe em transmitir o conhecimento que obtiveram com esse trabalho, o que evidencia o maior objetivo do projeto: atender às necessidades das pessoas, em prol de uma causa maior.

– Gostaríamos de repassar essa ideia para outros centros de ensino, para que mais tecnologia acessível seja produzida.

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O Assistiva também está desenvolvendo um modelo de mouse sensível ao toque para pessoas com distrofia avançada e um emulador de teclado, que reproduz as funções de um teclado de computador. Um tutorial do processo de produção do mouse inclusivo está disponível no site do projeto.