Foi em matérias que muitos alunos veem como problema que o estudante João Pedro Tambosi, 14 anos, encontrou a maior motivação. O extrovertido garoto de olhos claros hoje estuda no 9º ano da Escola Dr. Amadeu da Luz, no bairro Testo Alto, em Pomerode. Mas desde os 11, quando cursava o 6º ano, passou a desenvolver uma intimidade com as ciências e a matemática.

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De lá para cá, João ganhou sete medalhas em provas nacionais. Foram três de ouro nos últimos três anos e uma de prata em 2015 na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), além de premiações de ouro na Olimpíada Brasileira de Astronomia e em uma etapa regional de Matemática.

“A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao tamanho original”. A frase de Albert Einstein que estampa a camiseta da turma de João ilustra também o início da paixão do aluno pomerodense pela matemática e pelas ciências exatas. O garoto afirma que essa relação começou no 6º ano, durante a aula da professora Maria Cristina Sborz Dallmann.

– A partir dali, comecei a pesquisar, me interessar, participar das olimpíadas. Sempre tive facilidade, mas acho que não foi isso que fez eu me atrair. Não sei dizer ao certo, mas dá uma sensação diferente poder resolver problemas – afirma o garoto.

O desejo de resolver problemas é algo que no futuro João pensa em aplicar em áreas como Engenharia, estudando fora do país. Nas últimas semanas, recebeu convites e participa de seleções de escolas preparatórias para institutos das Forças Armadas. A primeira professora de Matemática reconhece que o esforço e o interesse de João se manifestaram desde as primeiras aulas.

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– No fim daquele primeiro ano, ele foi receber a medalha de prata (da Olimpíada Brasileira de Matemática) em Florianópolis e me perguntou: professora, você quer conhecer o Rio de Janeiro? Porque ano que vem vou conseguir o ouro (as medalhas de ouro são entregues em uma cerimônia na capital fluminense). E de lá para cá foram três medalhas de ouro. Para nós, como professores, isso é uma realização – conta a professora, que reconhece o esforço do aluno.

Hoje, em períodos que antecedem as olimpíadas, a rotina do aluno envolve cerca de cinco horas de estudo fora da sala de aula. Algo que exige abdicação de momentos de lazer com amigos. Nada que perturbe o garoto, que credita as medalhas recebidas a 30% de dom e 70% de dedicação. A mãe dele, Keyla, conta que ele recusava passeios a parques de diversão e aniversários para colocar os estudos em dia:

– Disciplina e foco são coisas necessárias em qualquer coisa que se vá fazer. O importante é que no final vai haver uma recompensa, que é o objetivo cumprido. É gratificante, uma mostra de que o estudo e o trabalho são valorizados.

Vocação nos esportes e influência entre colegas

João também pratica karatê, vai bem nos esportes, costuma andar rodeado por amigos e refuta o título de nerd. Dedica atenção especial aos temas que o motivam nas aulas. Conta que mais difícil do que conquistar o primeiro ouro é mantê-lo nos anos seguintes.

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Os bons resultados de João em olimpíadas acabam ajudando também toda a turma do 9º ano. O colega de sala Guilherme Augusto Goede, 14 anos, conta que em vésperas de competições João leva exercícios para a sala e isso incentiva todos a participarem mais das disciplinas. O professor de física, Marcos Vinícius Wegher, 47, confirma que o desempenho dele mexe até com os mestres.

– No cálculo mental, ele sempre quer ir adiante. É um desafio, tem que estar sempre além dele, buscando acompanhar. Alguns ficam curiosos sobre o que ele está fazendo. A gente traz o que pode para ajudar, para que ele estude e continue indo bem nas provas – conta Wegher.

Ao todo, 40 estudantes de Santa Catarina conquistaram medalhas na OBMEP em 2018, sendo seis do Vale do Itajaí e municípios do Litoral: Blumenau, Itapema, Pomerode (dois), Timbó e Vidal Ramos.