Além do espetáculo do futebol, a Copa também trouxe para muitos porto-alegrenses a possibilidade de fazer um dinheiro extra com aluguéis de temporada. Nos meses que antecederam o Mundial, proprietários gastaram pintando paredes e investindo em novos acessórios para deixar o lar mais atraente e receber torcedores gringos.
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Com diárias que chegavam a R$ 1 mil, quem pensou em aderir e desistiu perdeu a oportunidade: foram pelo menos 120 mil viajantes estrangeiros no Brasil, de mais de cem nacionalidades, segundo o site Airbnb, especializado no serviço. Junho de 2014 foi um marco para a proliferação da economia de compartilhamento. A última vez que tantas pessoas abriram suas casas para receber turistas foi no Fórum Social Mundial. Mas agora elas cobraram bem por isso.
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Setor hoteleiro questiona serviço
O Ministério do Turismo e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estimam que, em todas as cidades-sede, pelo menos 60 mil leitos foram agregados à rede hoteleira por este novo modelo de negócio. Em Porto Alegre, onde a lotação total dos hotéis ocorreu só nos jogos Austrália e Holanda e Argentina e Nigéria (em média, sobraram 30% de vagas), os empreendimentos já começam a perder espaço para o serviço.
– Foi importante porque ampliou a capacidade hoteleira. Mas o sistema de aluguel pela internet está sendo proibido em grandes cidades porque facilita a evasão tributária. Temos que ficar atentos – constata Carlos Henrique Schmidt, presidente Sindicato dos Hoteis de Porto Alegre.
Contato por e-mail e recomendações nos sites do serviço ajudam a criar confiança
A viagem para o Brasil deixou alguns antigos conhecidos do sistema com um pé atrás. Acostumado a viajar pela Europa em apartamentos alugados, o geneticista holandês Rubens Postel preferiu evitar o serviço na Capital, com medo do valor abusivo e da desorganização que poderia encontrar. Menos ressabiado, o canadense Allen Wales apostou na comunicação prévia para driblar a desconfiança – o contato por e-mail com o anfitrião ajudou na aproximação.
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Cuidadoso com quem vai colocar dentro de casa, Gustavo Candiota também é criterioso na hora de escolher seus hóspedes. Com base nas avaliações deixadas no site do serviço, o analista de sistemas aceitou apenas duas de dezenas de solicitações. Preparou churrasco para os hóspedes e cobrou R$ 250 a diária para o casal (um valor abaixo da média na alta temporada). A estratégia deu certo: os visitantes saíram satisfeitos e ele também:
– Eram todos bem-educados e discretos, sabiam conviver e respeitar as regras da casa – comentou Candiota sobre os hóspedes hondurenhos e americanos.
Antes um temor, comportamento de argentinos foi aprovado por anfitriões
A fama de festeiros fez com que a produtora de fotografia Michele Frantz buscasse recomendação sobre os visitantes argentinos antes da sua chegada. Fez contato com a anfitriã que os recebeu antes em Salvador e, diante da avaliação positiva da baiana, ficou tranquila.
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– Estava receosa de muita folia, por isso busquei falar com ela para me informar. Mas era um medo infundado. Cheguei em casa e estava tudo organizado. Lençóis dobrados. Tudo limpinho. Eles foram excelentes.
Cobrando U$ 200 (R$ 440) por diária, conseguiu ganhar quase US$ 2 mil (R$ 4,4 mil) durante a Copa alugando seu apartamento na Cidade Baixa.
Se houve resistência de alguns no Brasil em abrir seus domicílios a hermanos, do outro lado da fronteira também teve quem buscasse recomendações antes de fechar negócio. A saída foi procurar amigos brasileiros que atestassem o bom comportamento do anfitrião. Foi o que fizeram, por segurança, os amigos Mariano Gonzales e Hernán Angeloni antes de confirmarem presença em uma casa da Capital.
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