Cerca de 10% da população de rua em Portugal é composta por estrangeiros, segundo levantamento da Estratégia Nacional para a Integração das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo (ENIPSSA). Muitas dessas pessoas são brasileiros, que foram para o país europeu em busca de oportunidades de emprego.

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As informações são da Deutsche Welle (DW), que acompanhou uma ação da Noor’Fatima, entidade de voluntários que distribui alimentos para pessoas em situação de rua. Segundo voluntários, esta população aumentou no último ano.

Muitas das pessoas são brasileiras ou do leste europeu. Muitos deles também têm trabalho, mas o salário não cobre o preço dos aluguéis.

— Há pessoas que trabalham e não têm dinheiro para pagar uma casa. Ou seja, trabalham e vivem na rua, vivem numa tenda. Inclusive brasileiros. Há pessoas nesta situação — conta Rita Borges, voluntária da Noor’Fatima.

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A reportagem da DW encontrou brasileiros nessa situação em Lisboa. A maioria não quis gravar entrevista, e davam a entender ser por receio do que a família no Brasil poderia pensar. São pessoas jovens que foram “tentar a sorte” em Portugal. A vontade de muitos era voltar para casa.

A marceneira Andreia Machado da Costa revelou que morar em uma tenda foi uma alternativa para fugir do aluguel cada vez mais caro. Ela mora em um acampamento em Carcavelos, uma das regiões mais valorizadas da Grande Lisboa.

— Eu cheguei aqui pagando 200 euros no quarto. Depois subiu para 300, e ia chegar a 400. Falei não… é 50% do meu ordenado. Não tem como pagar 50% do meu ordenado para dormir num quarto compartilhado — frisa Andreia.

Quem também vive no mesmo acampamento é a cozinheira Márcia Álvaro, que conta que a primeira noite foi uma prova de resistência.

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— Falei: se eu consegui passar uma noite chuvosa aqui dentro, com ventania, então eu consigo passar o resto aqui. Foi quando eu vim pra cá — explica. O terreno onde elas vivem é bastante arborizado e abriga várias outras barracas, onde também moram brasileiros.

Marciele Botin de Pinho é natural de Presidente Prudente, em São Paulo, e veio para Portugal em busca de melhores condições de vida, tanto para si quanto para a família no Brasil. Morando acampada, ela conta que tem conseguido economizar um pouco de dinheiro. Agora, ela só quer voltar para o Brasil, já que deixou para trás um filho de seis anos.

— Eu só queria juntar dinheiro para voltar, ir embora. Tenho muita vontade de voltar para o Brasil. Muita. Todo dia — relata.

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