O Monte Serrat, uma das comunidades do Maciço do Morro da Cruz, na região central de Florianópolis, tem uma geografia bem típica dos morros manezinhos: vias íngremes e estreitas, trechos sem calçada – por conta da urbanização do espaço – e curvas que podem ser perigosas para quem não tiver a manha no volante ou no guidão. Isso em uma área com escola, creche, posto de saúde e crianças brincando de bola e empinando pipa ao lado da rua. A equipe da Hora esteve no sábado passado na comunidade, junto do colunista Edsoul, e ouviu de muitos moradores que a atual preocupação é justamente com a mobilidade no trânsito. E eles têm sugestões do que pode ser feito.
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De acordo com o presidente do Conselho Comunitário do Monte Serrat, Patrício da Cruz, 37 anos, percebeu-se que nos últimos dois anos o fluxo de veículos aumentou muito na comunidade.
– Parece que as pessoas descobriram agora que é possível cortar o caminho para ir à Trindade pela comunidade e assim fugir dos congestionamentos na Beira-Mar Norte e na Mauro Ramos – observa o líder comunitário.

Lia Cardoso, 51 anos, e o irmão Jaimiro Cardoso, 63, ambos aposentados e moradores da Rua General Vieira da Rosa, contam que o horário de pico no trânsito do morro é por volta das 17h.
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– Isso aqui parece que vira uma Mauro Ramos. E como não tem calçada, o pessoal da terceira idade, por exemplo, às vezes precisa se jogar no muro para o carro passar. Os carros estão descendo com muita velocidade – conta a moradora.
– Eu acho que a única solução que tem para o pessoal descer mais devagar é colocar uns quebra-molas ao longo da via. Senão, daqui a pouco, uma tragédia pode acontecer, como uma criança ser atropelada. Deus me livre! – complementa o seu Jaimiro.
De acordo com Patrício, inclusive, há duas semanas uma criança foi atropelada por uma motocicleta perto da creche Nossa Senhora do Monte Serrat, que fica mais ao alto da General Vieira da Rosa. No local, existem placas avisando da área escolar, mas ainda não foi o suficiente. O pequeno quebrou o pé, lamentou o presidente do Conselho.
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– É uma comunidade, e as crianças aqui gostam de brincar de pipa. E elas não têm noção ou medo do perigo. Se a pipa cai, eles correm para ver quem pega primeiro. É preciso que os motoristas também tenham mais consciência. Acreditamos que a colocação de quebra-molas, para eles reduzirem a velocidade, e uma nova sinalização, pudesse colaborar – exemplifica Patrício.
O conselho avalia que placas que sinalizem a redução de velocidade e avisem os motoristas sobre curvas perigosas poderiam alertar quem desce o morro. Outro pedido é que uma placa, na área escolar, que foi danificada por uma ventania, seja recolocada. Hoje, ela está pendurada em fios de alta tensão e oferece risco aos moradores.
Estacionamento irregular
O seu Augustinho Paulino da Cruz, 66 anos, mora há mais de 40 anos no Monte Serrat, onde tem um pequeno comércio, e viu as vias nascerem, casas serem construídas, e uma linha de ônibus, finalmente, beneficiar a comunidade. Mas ele sabe que a hora que o busão passa na via, é um Deus nos acuda.
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Mesmo com placas de proibido estacionar, há carros parados nas vias, até mesmo em frente à placa que sinaliza a parada de ônibus. Assim, quando o busão sobe, ninguém mais desce.
– Eu e o pessoal todo costumamos ajudar os motoristas que dão de frente com o ônibus subindo. Avisamos onde eles podem dar a ré ou entrar, para o ônibus passar. Quem não conhece a região passa um susto – explica o comerciante.
No início da Rua General Nestor Passos, perto do Hospital da Polícia Militar, também há problema de muitos carros estacionados em áreas proibidas, deixando a passagem ainda mais complicada ao motorista do busão, lembra o presidente do Conselho:
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– Seria necessária uma fiscalização maior. O Conselho também se compromete em orientar os moradores com estes cuidados.
Prefeitura vai checar
Questionada pela Hora, a prefeitura de Florianópolis avisa que o pessoal da Direção de Operações de Trânsito da Capital vai ainda nesta semana ao Monte Serrat checar as demandas nestas duas vias que cortam a comunidade. “Assim que os técnicos da DIOPE (Diretoria de Operações de Trânsito) identificarem a melhor estratégia de sinalização, irão executá-la”, informa a assessoria de imprensa da Secretaria de Infraestrutura.