Apesar de ter sido a causa da morte de Chopin, Castro Alves, Noel Rosa, Dom Pedro I e da escritora Jane Austen, a tuberculose está longe de ser uma doença do passado ou extinta. Só em 2015, foram pelo menos 1,8 mil novos casos em SC, porém o maior desafio ainda é o tratamento. No Estado, a taxa de abandono girou em torno de 8% nos últimos anos, acima da média considerada aceitável pelo Ministério da Saúde, que é de 5%. Nesta quinta-feira é celebrado o Dia Mundial de Luta contra a Tuberculose.

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Para o pneumologista Gilberto Ramos Sandin, que trabalha na UTI do Hospital Nereu Ramos, referência em tratamento de tuberculose no Estado, a não conclusão do tratamento é um dos maiores desafios, porque os pacientes acabam transmitindo a doença para outras pessoas, têm lesões mais graves e podem desenvolver uma tuberculose resistente aos medicamentos, o que diminui de 90% para 50% a taxa de cura da doença:

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— As pessoas não lembram que a tuberculose existe, inclusive da área da saúde. Esse é um dos problemas que a gente percebe em SC, a maioria dos diagnósticos está sendo feita dentro dos hospitais, quando o paciente já percorreu posto de saúde, farmácia. Isso é ruim porque cadeia de transmissão vai se mantendo.

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Os sintomas menos agressivos, que incluem tosse com mais de três semanas e emagrecimento gradativo, também não despertam a atenção de médicos e pacientes dificultam o diagnóstico precoce. Além disso, a doença, que cresceu 12% entre 2010 e 2014 em SC, exige um tratamento longo de seis meses a base de quatro antibióticos e afeta principalmente grupos vulneráveis e com pouco acesso à saúde, que são fatores que também explicam o abandono do tratamento.

— Só a população de rua tem 44 vezes mais chance de adoecer do que a população em geral, o que mostra que fatores sociais como as más condições de vida, moradia precária, desnutrição e dificuldade de acesso aos serviços públicos de saúde tem uma influência profunda no prognóstico da doença — afirma Luís Henrique da Cunha, responsável técnico do setor de tuberculose da Gerência de Vigilância de Agravos Infecciosos, Emergentes e Ambientais da DIVE/SC.

Tuberculose em SC
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Para os pacientes que vivem com HIV/Aids, a preocupação também é redobrada, afinal tuberculose é a doença infecciosa que mais mata pacientes desse grupo. Mas mesmo quem não está entre os grupos mais vulneráveis, está suscetível. É o caso da moradora de Imbituba de 24 anos, que prefere não ser identificada, que conta que depois de uma gripe continuou tossindo por um mês. Médicos trataram como pneumonia, mas por insistência da mãe fizeram uma radiografia e identificaram a tuberculose. Mais tarde saberiam que se tratava do tipo multirresistente, então o tratamento se estendeu para um ano e meio:

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— Vou fazer certinho. Antes não tinha noção da gravidade — relata a jovem, que acrescenta que no início algumas pessoas se afastaram por medo, pois não conheciam muito da doença.

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