A alta nos preços do etanol nos últimos dias será mais um obstáculo que o governo terá de enfrentar no combate à inflação. Economistas ouvidos pela Agência Brasil descartam o risco imediato de descontrole dos preços, mas advertem que o encarecimento do combustível exigirá cuidados adicionais da equipe econômica para que a inflação termine o ano abaixo do teto da meta, que é 6,5%.

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Para o ex-presidente do Banco Central e diretor do Centro de Economia Mundial da Fundação Getulio Vargas (FGV), Carlos Langoni, ainda é cedo para saber se a alta do etanol persistirá ou se é um fenômeno momentâneo.

– Apesar de ser misturado à gasolina, o etanol não tem o mesmo peso que os demais combustíveis na formação dos preços – avaliou.

Langoni, no entanto, acredita que a trégua nos preços dos alimentos, da energia e dos combustíveis, que tem contribuído para a queda da inflação nos últimos meses, não durará tanto quanto as autoridades estimam. Segundo ele, o Banco Central deverá prolongar o ciclo de juros elevados.

A economista-chefe do Royal Bank of Scotland, Zeina Latif, também acredita que a influência do reajuste do etanol sobre a inflação não será tão grande.

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– Os fretes são afetados pelo diesel e o impacto sobre a gasolina pode ser contido com a redução de etanol na mistura – opinou.

O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) Adriano Pires é menos otimista. De acordo com ele, os aumentos de preço do biocombustível em plena safra da cana-de-açúcar não é sazonal.

– A alta é provocada pelo descompasso entre a oferta e a demanda do combustível. Nos últimos dois anos, a produção quase não cresceu, enquanto as vendas de carros cresceram 10% só no primeiro semestre [deste ano] – afirmou.

Na avaliação de Pires, os reajustes de preços continuarão até, pelo menos, 2013. No entanto, acredita que o aumento antecipado do etanol pode ter uma vantagem.

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