O aumento no preço das carnes no últimos meses tem impactado diretamente no consumo dos catarinenses. Antes, se a preferência era por cortes nobres, atualmente, os consumidores têm buscado alimentos mais baratos, de costela a paleta e carne moída. Um impacto que, segundo as entidades do setor, ainda terá resquícios no próximo ano.
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De acordo com uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), houve um aumento na procura de carnes de segunda e terceira em açougues e estabelecimentos do país. A partir de agosto, 34,6% dos consumidores preferiram esse tipo de produto, enquanto 28,8% da população foi em busca dos pedaços mais nobres.
Um exemplo é se comparar o preço da picanha com a da costela. Enquanto a primeira custa entre R$ 80 a 100 o quilo, a costela pode ser encontrada a R$ 25 – uma subsituição que gera uma economia de 75%.
Para Miguel do Valle, diretor de um frigorífico de Santa Catarina, essa mudança no padrão de consumo vem ocorrendo desde outubro do ano passado. Primeiro, o consumidor procurou as carnes mais baratas, como de porco ou frango, mas como também houve aumento no preço desses produtos, o catarinense teve que optar por outros cortes.
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— A pessoa que comia frango todos os dias agora está intercalando. Aquele que comia um corte mais nobre, agora está preferindo os miúdos — enfatiza.
Ou seja, mesmo com o preço, o catarinense não tem deixado de consumir a proteína, mas sim outros tipos. Entre os mais procurados estão a costela, a parte dianteira do boi, contra-filé, carne moída e a paleta, que são mais baratos.
Isto também tem acontecido como forma de intercalar a ingestão da proteína, ou seja, o consumidor busca outras alternativa após “enjoar” daquela que vem consumindo.
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Outros atrativos também têm sido as embalagens prontas, segundo o presidente da Associação Catarinense de Supermercados (Acats), Francisco Crestani.
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— Atualmente alguns frigoríficos têm vendido a carne de segunda congelada e embalada. O cliente que compra esse produto uma vez acaba voltando para esse tipo de carne, já que se ele adquire um quilo de carne moída, ali vai ter um quilo — diz.
Baixa no consumo impacta frigoríficos
A mudança no hábito de consumo dos catarinenses também impacta diretamente na produção. Isto porque quanto menos carne menos animais são abatidos, o que acaba represando a matéria-prima de produção.
— A pandemia impactou muito. Tiveram pessoas que perderam o posto de trabalho, começaram a trabalhar de casa, e isso fez com que o consumo diminuísse. Além disso, também deixaram de acontecer as festinhas e reuniões familiares, que também representavam um consumo muito grande de carne — explica Miguel do Valle, diretor de um frigorífico em Santa Catarina.
Por isso, o setor acredita que a retomada só deva acontecer no próximo ano. Enquanto isso, o consumidor deve continuar sentindo os impactos no preço da carne.
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— Até você engrenar [as linhas de produção], tem uma demora e isso impacta negativamente tanto nos preços quanto nos produtos — finaliza.
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É possível um novo aumento de preço?
Para o presidente da Acats, Francisco Crestani, existe sim a possibilidade de um novo aumento nos preços. Um dos motivos que podem influenciar isso, além do dólar, é a exportação dos produtos.
— Se não abrir a exportação, o preço deve ficar mais estável ou até baixar. Mas se abrir, a tendência é que tenha um novo reajuste, principalmente nos cortes mais nobres — pontua.
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