Santa Catarina enfrenta seu terceiro ano consecutivo de elevação nos casos de dengue no Estado. O cenário de alerta para a doença é explicado por uma série da fatores que, segundo a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive-SC), envolvem comportamento, políticas públicas e até o clima catarinense.
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O Estado tem 14 municípios da região Oeste em situação de epidemia da doença. Além disso, Joinville, Blumenau e Florianópolis registram mais de mil focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença.
De Chapecó, onde foi decretada situação de emergência, o diretor da Dive, João Augusto Brancher Fuck, contou que os invernos menos rigosoros dos últimos anos podem ter influenciado a proliferação do mosquito.
— O mosquito deposita entre 400 a 600 ovos ao longo da sua vida. Com a temperatura elevado, ele [o ovo] eclode em sete dias. Quando você tem uma queda brusca na temperatura, ele se torna inviável ou estende para duas semanas o tempo de eclosão. A gente acaba eliminando uma fase. Mas sem um inverno rigoroso nos últimos anos, a gente tá vendo uma manutenção da doença — pontou Fuck.
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A conscientização da população para a seriedade da doença e do perigo da dengue é fundamental para o vencer o cenário, explicar o diretor.
— As pessoas ainda não compreendem os riscos, locais com água parada, muito relato de lixo, condições para reprodução, esses hábitos contribuem pra gente manter essa condição — ressalta Fuck.
Segundo ele, é comum que durante os períodos com maior infestação, como agora, as pessoas prestem mais atenção e tirem a água parada dos recipientes. Mas, de acordo com Fuck, essa ação pode não ser suficiente para conter a doença. Isso porque os ovos, que são pouco visíveis a olho nu, podem permanecer “vivos” no recipiente mesmo após ele ser esvaziado.
— Muitas vezes a água acumula em lixo ou em coisas que a gente mantém parado e não usa. Nesses casos, o melhor é jogar fora. Porque o ovo pode continuar viável por 12 meses sem água, e aí se no mesmo lugar voltar a acumular água, ele ganha novamente condições para evoluir — alertou.
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Conforme o diretor, no caso de caixas d’água, o conselho é de que elas estejam bem fechadas e em lugares apropriados. O recipiente de comida para pets deve ter a água trocada todos os dias e esfregado de tempos em tempos, para eliminar ovos que possam estar ali.
Justamente por ser viável ao longo dos 12 meses do ano, a prevenção não pode ocorrer só nos períodos em que o cenário da doença se agrava, afirma Fuck. Ele explica que para epidemias não se tornem mais frequentes, políticas públicas precisam se estender para além da área da saúde.
— O controle da dengue se faz apenas na parte da saúde. A gente precisa de entendimento intersetorial, fornecimento de água adequado, recolhimento de lixo para na reciclagem e não prolongar o ciclo da fecundação. Precisa ensinar a prevenir, levar essa questão para educação. São ações que precisam acontecer durante todo o ano — reforça o diretor.
A doença pode evoluir para um quadro mais grave e até matar se não tratada, mas apesar do número de casos ter aumentado, Fuck afirma que Santa Catarina não teve um aumento de casos graves. No entanto, ele explica que em um primeiro momento, existe uma sobrecarga no sistema de saúde para tratar os infectados.
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— Mais casos é sinal de alarme, então é é uma preocupação de existe [a piora de casos graves], mas a gente ainda não tá vendo esse cenário — explica.
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Diferente da Covid-19, Fuck lembra que a dengue não é uma doença imunoprevenível, que pode ter o avanço abatido pela vacina.
— A dengue se espalha pelo mosquito, então a gente precisa eliminar o mosquito, essa é a melhor estratégia — destaca.
Como evitar a dengue
A única maneira de evitar a dengue é não deixar o mosquito Aedes aegypti nascer e algumas ações podem ser feitas para que isso ocorra:
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- Evite que a água da chuva fique depositada e acumulada em recipientes como pneus, tampas de garrafas, latas e copos
- Não acumule materiais descartáveis desnecessários e sem uso em terrenos baldios e pátios
- Trate adequadamente a piscina com cloro. Se ela não estiver em uso, esvazie-a completamente sem deixar poças de água. Manter lagos e tanques limpos ou criar peixes que se alimentem de larvas
- Lave com escova e sabão as vasilhas de água e comida de seus animais de estimação pelo menos uma vez por semana
- Coloque areia nos pratinhos de plantas e remova duas vezes na semana a água acumulada em folhas de plantas. Em bromélias, utilizar jato forte de água na axila das folhas a cada dois dias
- Mantenha as lixeiras tampadas, não acumule lixo/entulhos e guarde os pneus em lugar seco e coberto
- Os locais mais prováveis para que a fêmea coloque os ovos são os que ficam à sombra e com água limpa
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