Caso seja mantido o novo teto informal para a cotação do dólar – entre R$ 2,10 e R$ 2,15 -, a calibragem do câmbio pode ajudar a mudar o cenário da balança comercial brasileira. A queda das exportações e o crescimento das importações causaram, neste ano, o maior déficit da história do país no período de janeiro a maio, de US$ 5,392 bilhões.

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Apesar de uma melhora no resultado da balança comercial em maio, com superávit de US$ 760 milhões conforme dados divulgados esta segunda-feira pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a diferença entre importações e exportações no Brasil ainda preocupa.

O saldo positivo foi pequeno e só não ficou menor do que em 2002, quando as exportações superaram as importações em apenas US$ 385 milhões. Caso a alta do dólar perdure, tende a desestimular compras do Exterior e incentivar exportações brasileiras, o que permitiria ambicionar um resultado melhor no final do ano.

O desempenho dos primeiros cinco meses do ano é explicado por importações recordes e queda nas exportações, sobretudo em petróleo e derivados. Em maio, a entrada no mercado da safra agrícola deu um novo impulso às exportações, que, pela primeira vez este ano, registraram média diária acima de US$ 1 bilhão.

A secretária de Comércio Exterior do ministério, Tatiana Prazeres, afirmou que o resultado de maio indica trajetória de recuperação. Tatiana espera que a balança feche 2013 com superávit, porém abaixo de 2012 (US$ 19,4 bilhões) e com exportações no mesmo patamar dos últimos dois anos. Conforme a secretária, o superávit em maio teria sido melhor se não houvesse o registro de US$ 1,1 bilhão de importação de petróleo e derivados da Petrobras de operações realizadas em 2012 e registradas somente agora:

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– A partir de agora, haverá um fluxo normal das operações e não há motivo para acreditar em novo acúmulo.

Desde janeiro, os dados de importações estão inflados em US$ 4,589 bilhões com o registro de operações da Petrobras realizadas em 2012.

Indústria cobra maior inserção mundial

Após passar anos buscando proteção do governo, a indústria brasileira se deu conta de que o mercado interno é insuficiente para garantir seu futuro. No momento em que vê a participação nas exportações despencar e em que perde mercado até na América do Sul, o setor começa a pressionar o governo na direção oposta: quer mais acordos comerciais bilaterais.

Nos próximo dias, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) enviará ao governo uma carta com extensa análise sobre a ausência do Brasil nos acordos preferenciais de comércio e recomendações para uma nova e urgente política de inserção comercial, ainda que isso signifique uma abertura maior do mercado nacional.

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